Sob o vértice do vão central havia uma gravura com a forma de elipse, talvez uma foto. Hoje, em seu lugar, está o relógio. Foto 03
Nos arquivos da Fundação Pró-Memória de São Carlos, a foto acima está datada de 1908, mas pode até ser que anteceda, pois a ferrovia chegou no município em 1884, pela Companhia Rio Clarense que a operou até 1888, ano em que transferiu os direitos para a Rio Claro Railway e esta, a vendeu para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em 1892.
As oficinas e armazéns também tinham as mesmas características. Fotos 04 e 05
Nos arredores da Estação, algumas edificações
acompanharam o seu estilo como foi o caso da Serraria Giongo, fundada em 1897 e que tinha um
ramal ferroviário para o transporte de madeiras. Foi desativada em 1991 e hoje apenas parte dela apresenta ainda as características originais da construção. Foto 06
Hoje, naqueles barracões, estão instalados uma agência dos Correios e uma Pizzaria.
Fotos 07 e 08
A Companhia Paulista promeu uma
grande reforma no prédio e a Estação ganhou novas dependências, novas
mas os tijolos à vista foram revestidos com argamassa. Fotos 09 e 10
Na plataforma, havia praticamente três ferrovias, a linha tronco em bitola larga que ligava São Paulo à Colômbia , trem de aço-carbono à esquerda, o ramal para Ribeirão Bonito em bitola métrica, trem de madeira à direita, que partia da Estação no sentido Araraquara. Foto 11
E o ramal para Santa Eudóxia, trem de madeira em bitola métrica, que partia da Estação no sentido Itirapina
fotos 12 e 13
Em 27 de dezembro de 1914, deu-se a inauguração da quarta ferrovia; as linhas de bondes da Companhia Paulista de Eletricidade, integrando-se na Estação a "nova" ferrovia urbana às ferrovias inter-municipais. Foto 14
Em 1920, o movimento da Estação já era significativo, os bondes atendiam os horários dos trens para embarque e desembarque. Ao fundo, após o prédio da Estação, o barracão da Forjaria CIAR da família Ciarrochi. Forjavam ferramentas manuais; machados, marretas, enxadas, foices, enxadões...A CIAR teve seu espaço desapropriado em 1966, para a construção do Viaduto 4 de Novembro. Foto 15
1925, não eram mais somente os bondes e as carroças, os automóveis começaram a marcar presença no largo da Estação. Foto 16
Anos 30, os carros de aluguel, táxis, chegaram nessa década, era sinal de status chegar ou sair da Estação num carro alugado. Surgiu a necessidade de sombras e os engradados com mudas de árvores também se integraram ao local. Foto 17
Anos 40, os trilhos dos bondes e a rede de fios trolley se multiplicaram. O ponto ganhou um abrigo para as pessoas que esperavam o bonde se protegerem do sol e da chuva. As figueiras cresceram e já serviam para fazer sombras para os carros de aluguel. Foto 18
Anos 50, em 1957 , as figueiras já estavam copadas, as ruas calçadas com paralelepipedos e para comemorar o centenário de São Carlos, a Companhia Paulista pintou a Estação, deixando ela ainda mais linda e majestosa. Foto 19
Anos 60, em 15 de junho de 1962, a Companhia Paulista de Eletricidade encerrou a operação dos bondes após cinquenta anos de contrato; a ferrovia urbana deixou de existir, ficando um vazio muito grande para todos os são-carlenses que viram a cidade crescer nas margens daqueles trilhos. Foto 20
Mas, antes disso, em 12 de fevereiro do mesmo ano, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro extinguiu o ramal para Água Vermelha e Santa Eudóxia . E, em 03 de janeiro de 1969, foi encerrado o ramal para Ribeirão Bonito .
Anos 70, as figueiras que levaram trinta anos para formarem suas copas, não estão mais lá.
Para abrigar os carros de aluguel, foi construído uma cobertura metálica. Os trilhos dos bondes já haviam sido retirados, e o calçamento de paralelepipedos foi substituído pelo asfalto.
Também nos anos 70, no pátio ferroviário, haviam os depósitos de locomotivas da CP. Na foto, já abrigavam as locomotivas da FEPASA. Foto muito rara, talvez única, que me foi enviada em 12 de novembro de 2013, pelo amigo de São Paulo, José Luis Braz. .Foto 21 -1
Para abrigar os carros de aluguel, foi construído uma cobertura metálica. Os trilhos dos bondes já haviam sido retirados, e o calçamento de paralelepipedos foi substituído pelo asfalto.
Também nos anos 70, no pátio ferroviário, haviam os depósitos de locomotivas da CP. Na foto, já abrigavam as locomotivas da FEPASA. Foto muito rara, talvez única, que me foi enviada em 12 de novembro de 2013, pelo amigo de São Paulo, José Luis Braz. .Foto 21 -1
e com o surgimento das rodovias muitas delas nos leitos dos antigos ramais, a indústria automotiva cresceu e os veículos passaram a fazer as vezes dos trens de passageiros e eles foram desaparecendo das estações. Na Estação de São Carlos já predominavam as composições de carga. Foto 22
Em janeiro de 1989, meu filho Daniel tinha quase sete anos, minha esposa e eu o levamos para passear de trem, Hoje, ele é um dos poucos jovens que andou de trem na infância. Foto 23
Anos 90, felizmente a Prefeitura Municipal de São Carlos foi negociando com as ferrovias e com os órgãos federais e foi assumindo o prédio da Estação; e em 1998, a Fundação Pró-Memória passou a ocupar parte do espaço administrativo daquelas instalações e através dos anos foi ocupando todas as dependências e se tornando responsável pelo prédio. De local de embarques, desembarques e baldeações de passageiros, começou a ser um centro cultural.
Anos 2000, Em 15 de março de 2001, a Estação deixou de ser de passageiros, dela partiu o último trem de passageiros com destino à Araraquara e acabou a última ferrovia de passageiros da Estação de São Carlos. No mesmo ano nasce a sucessora a
Detalhe: A Estação de São Carlos não chegou a ser invadida e depredada como tantas outras que foram abandonadas e estão até hoje pedindo por socorro.
Em 2008, para comemorar os cem anos da reforma da Estação pela Companhia Paulista, a Fundação Pró Memória encomendou ao maquetista ferroviário, Sergio Paulo Doricci , uma maquete com os detalhes daquele prédio em 1908, ainda quando tinha as paredes externas em tijolos aparentes. O resultado é esse aí abaixo, uma réplica perfeita em escala 1:87 riquíssima em detalhes! A maquete está exposta no Museu Histórico e Pedagógico Cerqueira César, junto à plataforma da Estação Cultura. Foto 24
2010, O prédio se consolidou como Centro Cultural abrigando arquivo histórico, museu, auditório, sala de reuniões e a plataforma, palco de eventos semanais. Tudo bem que não tem mais passageiros, mas poderá passar a tê-los novamente com a volta de um trem turístio, a vapor, nos trilhos, que está por vir. Entre tantas perdas, até do "cupim" sobre o relógio,
Foto25
salvou-se o prédio da Estação! Se um dia os trens de passageiros voltarem, ela é uma das poucas estações que está em condições de ser novamente estação de passageiros. Hoje, a Estação Cultura - antiga Estação Ferroviária de São Carlos é símbolo de respeito ao Patrimônio Público, serve de exemplo e só dá orgulho! Foto 26
Depois, observe as linhas frontais, posteriores e as divisões do prédio. Foto29
E hoje, 19 de setembro de 2010, eu tive uma grata surpresa ao passar pela manhã na Estação, o "cupim" está de volta, novinho, novinho!
Tendo oportunidade, passem por lá para conferir, ficou lindo e só da orgulho! Foto 27
Depois, observe as linhas frontais, posteriores e as divisões do prédio. Foto29
Finalmente, contemple a plataforma, o pátio ferroviário e os arredores da Estação. Foto 30
Créditos:
Fotos:
04, 05, 09, 10, 12, 15,16,17, 18, 19, 21 e 22 - Acervo Valentim Gueller Neto
06 e 20 - Acervo José Alfeo Röhm - William Janssem
07, 23, 24 e 27 - José Alfeo Röhm
08 - Pró-Memória São Carlos - Mariana Lucchino11 e 13 - -Foto Arte - José "Alemão" João
14 - Acervo José Alfeo Röhm - Col. Allen Morrison
21-1 - Acerco José Luis Braz Leme
25 - Flickr - Rubens Chiri
26 - Pró-Memória São Carlos - Marcello Lima
28, 29 e 30 - Carlos Romais
Logos:
Pró-Memória e Estão Cultura - Site Pró-Memória São CarlosReferência bibliográfica:
Estações Ferroviárias do Brasil - Ralph Mennucci Giesbrecht
Fundação Pró-Memoria de São Carlos - SP
Novo Milênio - Bondes do Brasil
Colaboraram:
Daniel e Maria Nazareth Gobato Röhm
Valentim Gueller Neto
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Obrigado pela sua agradável companhia e até a Estação 18. Abraços, Alfeo.