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  • 1 Faculdade Dom Pedro II - São Carlos-SP (1928-2009)
    Acervo Valentim Gueller Neto
  • 2 Bonde da Carne São Carlos–SP (1912-1962)
    Acervo Raymond DeGroot
  • 3 Estação Ferroviária de São Carlos-SP (1925)
    Acervo Valentim Gueller Neto

Estação 107 - LEMBRANÇAS DE RIBEIRÃO PIRES NAS DÉCADAS DE 1950 e 1960

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Nos finais dos anos 1950 e 1960,  íamos passar as festas natalinas em Ribeirão Pires - SP. A ida era de trem, cheia de emoções pela CPEF - Companhia Paulista de Estradas de Ferro e a EFSJ -   Estrada de Ferro Santos - Jundiaí e a chegada uma festa com o reencontro com a vó Margarida, os tios Hugo e Nena, Valter e Mafalda,  Valim e Guiomar, Nilton e Filhinha e Nelson e Margarida e, respectivamente os primos Nancy e José Carlos, Ilza e Valtinho, Hydeli e Marcia, Ivana e Cleidinha, Elaine e Adriana. Com meus pais, Alfeo e Anita e os dois filhos, Sergio e eu, eram 6 irmãos Röhm, 6 cunhadas, 4 primos e 8 primas. Valim era o apelido, o nome dele era Durval, mas ninguém o conhecia pelo nome, Nena era como todos a chamavam, o nome dela era Eliza,  Filhinha é o apelido e o nome dela é Maria Apparecida, mas até ela se identifica pelo apelido e  José Carlos é o nome, mas na família ele é carinhosamente chamado de Nego. Foto 01

O primeiro reencontro era  com a vó Margarida Boaretto Röhm, no pavimento superior do sobrado,  na Rua Jorge Tibiriçá, Nº 16, hoje  Nº 184, SOLAR DOS RÖHM, ele continua lá e tem muitas histórias pra contar! No almoço do Natal, o prato mais esperado era a leitoa à pururuca preparada pela matriarca .  Depois, a semana era para os tios, tias, primos e primas. Em um dos dias da semana, chegava de São Paulo a tia Joana, irmã do falecido vô Gustavo Röhm. Ela era geniosa, austera e exigente, mas nos cobria de presentes, nos dava muitos conselhos e queria que os  12 sobrinhos-netos estudassem. Foto 02                                                                                                     

Além do reencontro familiar, para meu irmão e eu que eramos crianças, também o mais esperado era rever a fábrica de adornos natalinos que ficava no pavimento térreo do sobrado e que era dos nosso tios Ugo e Valim. Foto 03

Eram caixas e caixas de bolas, papais noéis,  sinos, pinhas, feitas em vidro e  as cores espelhadas enchiam os olhos e traziam muita felicidade! Crianças entrar na fábrica era proibido, mas para nós podia, só uma vez e bem rápido. Foto 04 






Tudo começava em um barracão no fundo com tubos de vidro,     Foto 05 


que eram aquecidos sobre a chamas dos maçaricos e depois soprados pelos maçariqueiros.  Foto 06 


Era uma produção artesanal, maçariqueiros lado a lado,  aquecendo os tubos de vidro e  soprando.  E para garantir o padrão de tamanho das bolas, havia um arco de arame.   Foto 07


Para os adornos com mais detalhes, como papais noéis, pinhas, peões, espigas de milho e ponteiras,  havia moldes semelhantes ao TOSTEX.          O tubo de vidro incandescente  era colocado dentro do molde aberto , depois era  fechado e  soprado.  Fotos 08, 09 e 10    

Depois de inflados, descansavam para o resfriamento,   Foto 11 
                      

Em um segundo ambiente,  dentro delas era colocado nitrato de prata para fazer o espelhamento interno.  Depois iam para uma máquina que, com três berços sobrepostos  faziam o agitamento do líquido para formar uma espelhação uniforme. Esse agitador era extremamente ruidoso! Foto 12 


Depois de espelhadas internamente, em um terceiro local,  os enfeites ganhavam uma cobertura externa com verniz com corantes e de prata espelhados, passavam para amarelos, vermelhos, azuis, dourados, verdes... Foto 13


Espelhados e envernizados,  iam para as salas de pinturas, onde moças faziam decorações incríveis! Foto 14



Pinturas detalhadas, realizadas por artistas,    Foto 15 
feitas através de seringas,  Foto 16 


e palitos.  Foto 17 


Os pequenos pincéis davam os retoques e em cada adorno ia sendo construído uma obra de arte para fazer a alegria do Natal. Foto 18  

Depois de prontos, ganhavam o protetor metálico
 com o anel para ser pendurado na arvore. 
Foto 19  


E  iam sendo organizados para a seleção do controle de qualidade,    Foto 20 

Nessa etapa, os produtos com pequenas imperfeições eram retirados,      Foto 21 

 e somente os produtos perfeitos,      Foto 22


é que eram     Foto 23


destinados às embalagens,   Foto 24 


 caixas de papelão Paraná.  Foto 25 

E em cada caixa,  os brilhos e os tons festivos do Natal.  Foto 26


Cada caixa aberta, era  uma nova emoção!   Foto 27


                             

E da roça, as espigas de milho.   Foto 28 

Peões, botas...,    Foto 29 

sinos, lamparinas, ... Foto 30 

efeitos especiais nas bolas,  com o vidro repuxado.   Fotos 31, 32 e 33
                                                                                   

Pinhas e laranjas.   Foto 34

Cogumelos, casinhas, tambores, cachos de uvas,  Foto 35

 

















lanternas japonesas,  Foto 36

e bolas aveludadas.  Foto 37

E, para a ponta da árvore
                   muito  difícil de ser modelada,      Foto 38
                                                                      
                                                                  a ponteira. Foto 39

Os festões tinham como suporte barbantes verdes torcidos que prendiam as fitas de raspa de madeira Pita,  tingidas de verde.  Foto 40


E as guirlandas para as portas de entrada, tinham uma armação de arame torcido que sustentavam as fitas de Pita.   Foto 41 
As árvores de Natal tinham uma estrutura central de madeira e os galhos
 eram com arames torcidos e fitas de Pita,  e com  a  ponteira,  quase que 
batia  no  teto.  A  decoração  natalina  mais  linda  ficava  pronta para a
 chegada do Papai Noel e a comemoração do aniversário de Jesus.  Foto 42 


A  produção de adornos natalinos  era anual,  começava entre entre janeiro  e 
 fevereiro,  para  que os  pedidos  fossem  entregues   entre outubro e novembro.
                   Os grandes clientes da ROTIZ eram:                                             Fotos 43, 44, 45, 46 e 47                              
Nos anos 70, o progresso chegou e os adornos natalinos passaram a  ser fabricados de plástico, através de  injetoras  automáticas e toda  aquela beleza artesanal cessou. Aqueles moços e moças  que nos anos 1950 e 1960, tinham,  no máximo 18  anos,  hoje estão entre  70 e 80 anos   e   têm muitas histórias pra contar. Fica aqui o espaço para eles e elas darem a continuidade nesta história.

A semana  passava rápido.  E, depois  de  matar  as saudades da vó
 Margarida, dos  tios, tias,  primos e  primas  e de  ter  visitado  por 
mais uma vez a ADORNOS ROTIZ, voltávamos para São Carlos.
A emoção  continuava, a volta  era  no  trem  de  luxo da Companhia
 Paulista de Estradas de  Ferro,  o "Trem R".  Foto 48

CRÉDITOS:
FOTOS:
01: MAPAS. CULTURA.GOV.BR - Prefeitura Municipal da Estância Turística
 de Ribeirão Pires - Expresso Studio - Sergio Luiz Jorge. 
02: Alfeo Cyro Röhm
03: José Alfeo Röhm
04, 13,19,25,26, 28, 29, 30, 31, 32,33, 34 e 39: Facebook ,
Caçadores de Relíquias - Nilton Luz Netto
06, 07, 08, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 23 e 24:
 UOL NOTÍCIAS-  - Kacper Pempel / Reuters
09 e 10: MERCADO LIVRE
27, 35, 36 e 37: Facebook , Caçadores de Relíquias - José Henrique Popp
40: ELO 7      
41: ARMARINHOMARINHO - https://www.armarinhomarinho.com.br/enfeites-de-natal/1731-guirlanda-festao-verde-25cm-magizi-7899655001912.html                                                            
42: CASA & FESTA  
 43: STRAVAGANZA - Leopoldo Costa - ELETRO-RADIOBRAZ    
44: LOGOPEDIA  -  LOJAS AMERICANAS
45:  MAPPIN
46: LOGOPEDIA  - MESBLA             
47: LOGOPEDIA - SEARS
48: MESTRE FERROVIÁRIO - Matheus Peixoto 

 PARTICIPARAM:
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm 
Ivana Maria Röhm  Bernardes da Silva 
Nancy Röhm Faustino
Sandra Röhm Faustino Chiedd

Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 108.
                                                         Abraços, Alfeo.

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Estação 106 - Histórico Da Constução Da Paróquia De Nossa Senhora De Fátima - São Carlos - SP - Relato Do Padre Silvio Mazzarotto

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Na comemoração do Jubileu de Ouro da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, de São Carlos - SP, em 20 de setembro de 2020, o Lugar do Trem lembrou que em 03 de junho de 2011, o Padre João Roberto Campanini,  
                         
que foi Pároco daquela igreja, o presenteou com uma cópia  do relato histórico e emocionante do Padre Silvio Mazzarotto sobre a construção daquele templo.  O documento foi datilografado e nas cópias as letras saíram cinza e para facilitar a leitura  foi realizada a transcriçao. Fotos 01 e 02   -    CLIQUE SOBRE AS FOTOS QUE AMPLIAM

TRANSCRIÇÂO
Histórico da igreja N.Sa de Fátima
em São Carlos - SP

Preliminar
Como parte das comemorações do primeiro centenário da cidade de São Carlos,  Dom Ruy Serra, Bispo Diocesano, promoveu, de primeiro a 12 de maio de 1957, uma Jornada Missionária, a cargo dos Redentoristas e Passionistas. Durante os três primeiros dias, eu, Pe. Silvio Mazzarotto, passionista, procedente de São Paulo, missionei o bairro de Vila Pureza. Consistia,  quase exclusivamente de gente humilde. Fiquei impressionado ao constatar que viviam um tanto alheios à pratica religiosa por falta de assistência. As celebrações tiveram lugar em área reservada, coberta de encerado. Foram dias de muitas graças e de muito entusiasmo . Houve mesmo conversões. Essa total correspondência me deixou emocionado. Foto 03


Em Vila Pureza
Em 17 de fevereiro de 1951, o Provincial, Pe. Lucas A. Costa, me nomeou Superior de nosso convento em São Carlos. Anexa a ele está a Igreja de São Sebastião que era então adida à catedral.  Comecei a atendendo com desvelo nossa comunidade, mas,  estando livre à tarde de domingo, lembrei-me dos queridos moradores de Vila Pureza e julguei que faria muito bem indo lá celebrar. Assim, com a devida licença, todos os domingos, pelas 16 hs, ia celebrar lá a santa Missa. Comecei percorrendo aquele povoado com viatura alto-falante, convidando a todos.  No lugar da presente igreja havia um simples oratório dedicado a São Benedito. Rezava a Missa ao ar livre ou, em caso de mau tempo, no alpendre de alguma casa vizinha. Como de surpresa, o número de fiéis foi aumentando a tal ponto que me sugeriu a construção de uma igreja naquele local. Aqui merece especial menção  o Sr Lucas Perrone, amigo e colaborador. Foto 04

O orago
O título  de Nossa Senhora de Fátima me ocorreu espontâneo, não tanto por ter visitado seu Santuário, em Portugal, mas,muito especialmente, porque suas mensagens de "oração e penitência" concorriam eficazmente para conservar e avivar a Fé daquela boa gente. Além disso, julguei que, edificando uma igreja dedicada à Mãe de Deus, iria ao encontro da religiosidade do povo de São Carlos. Para motivar os fiéis, não pude resistir à súbita inspiração de, antes de qualquer projeto, adquirir uma bela imagem da Padroeira,  pois , seria ela um poderoso apelo para a construção do seu templo. Foto 05

A imagem           
Mas, quem me poderia indicar um artista capaz de esculpi-la com perfeição? Sem ter a mínima ideia de quem poderia me orientar nisto, eis que, com indescritível surpresa, se me deparou o escultor mais habilitado. De 2 a 10 de agosto de 1962, fui pregar em Bebedouro, SP. Vendo na capela do Colégio Anjo da Guarda, dirigido pelas Irmãs Dorotéas, belíssima imagem da fundadora, Santa Paula Frasseneti, perguntei a respeito de sua procedência. Respondeu-me a Superiora que era de madeira, esculpida por Joaquim de Souza e Silva, pai de uma religiosa daquela comunidade, residente no Rio de Janeiro. Foto 06

 Foi para mim uma revelação, muito além de toda expectativa. De posse do endereço, escrevi-lhe, sem tardança, pedindo uma escultura de Nossa Senhora de Fátima, muito bem feita e de tamanho natural. Sem regateio, concordei com o custo: Cr$200.000,00, em quatro prestações. Segundo posterior declaração do autor, a execução de tal obra orçaria entre 8.000 a 10.000 dólares.  Foto 07

O Sr. Dário Rodrigues, de São Carlos, concorreu com Cr$50.000,00. Outra prestação de Cr$50.000,00 foi oferta do saudoso José Pimenta Teles. O mais , resultou de dádivas e promoções dos fiéis de Vila Pureza. A imagem chegou em São Carlos em 1963. Trata-se de uma belíssima escultura em cedro do Amazonas. Sua execução foi inspirada nos escritos das aparições e na imagem de Fátima, peregrina, que percorreu o mundo. Mede da cabeça aos pés, 1,62m. Permaneceu uma temporada na sala na sala de visitas do convento de São Sebastião, São Carlos, aguardando o término de uma capela provisória e a confecção da planta da igreja. Foto 08


O escultor
Para apreciar o valor artístico da imagem é bem que demos o "Curriculum vitae" do autor, Joaquim de Souza e Silva. Nasceu em 7/7/1911 na freguesia de S. Maria de Avioso, Porto, Portugal. Com sete anos, começou a frequentar a oficina de escultura de Teixeira Lopes, no Porto, durante dois anos. Em seguida trabalhou no atelier de Amálio Maria, durante 12 anos. Sempre no mesmo ramo da escultura, auxiliou o famoso escultor Teixeira Tedin, durante 5 anos. Aqui foi executada a célebre imagem do Santuário de Fátima , bem como as três aparições.  Foto 09

  No Brasil                                          Veio para o Brasil em 1939 com a esposa e três filhos: Joaquim, Manoel e Bernardete que se tornou religiosa. Montou seu atelier de escultura, sucessivamente em diversos lugares, no Rio de Janeiro e, por ultimo, em Laranjeiras, Rua Pereira da Silva, 71.   Foto 10

Participou de 4 exposições obtendo nelas a primeira classificação. Em 1948 conquistou a medalha de prata na exposição do Salão Nacional de Belas Artes. Em 1949, o primeiro prêmio conferido pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. Salão Municipal do Rio. Em 1952, obteve o primeiro prêmio da Prefeitura do Distrito Federal. Enfim, foi condecorado com medalha de ouro na exposição geral de Arte do Clube Genástico Português. Durante cerca de meio século de sua atividade profissional no Brasil, executou inúmeras obras de escultura em madeira que se acham espalhadas tanto no território nacional como no Uruguai, Argentina, Portugal, Espanha, Estados Unidos, etc.. Seus dois filhos se dedicam à mesma arte. Joaquim de Lemos e Souza é professor titular de escultura e livre docente na Escola de Belas Artes do CLA da Universidade do Rio de Janeiro; E Manoel Lemos e Souza tem seu atelier de escultura na Rua Voluntários da Pátria, 190, s. 220, Botafogo, Rio de Janeiro.  Foto 11

A planta da igreja
Entrementes, tratou-se da planta da igreja. Já havia um projeto executado pelo Dr Djalma Khel e pelo Dr. Alvaro Giongo. De fato, na terraplanagem descobriu-se uma urna de cimento contendo uma ata em estado de decomposição, que mal pudemos decifrar tratar-se de pedra fundamental de igreja. Mas isto passara para o esquecimento e não houve quem dissesse algo a respeito. Em reunião com diversas pessoas gradas na residência do Dr. Ernesto Pereira Lopes Filho, de saudosa memória,  e sob a presidência dele,  após ter visto a dita planta, declarou que seria sobremaneira dispendiosa e que ele ofereceria outra de estilo moderno e de menor custo. Na reunião seguinte que foi também em sua residência, exibiu nova planta , obra do professor Dr. Gastão de Castro Lima que lecionava na Escola de Engenharia de São Carlos. Fôra por ele projetada para ser construída na mesma Escola de Engenharia como modelo de arquitetura. Não tendo obtido verba para sua execução,  por intermédio do Sr. Ernesto, no-la cedeu com a requerida ampliação. A ela deram os presentes unânime aprovação. Foto 12

 Recepçao da imagem  Em seguida, tratou-se tratou-se do transporte da imagem. Devia ser com solene procissão. E porque viera do Rio de Janeiro, devia dar a impressão que vinha de lá e de tal modo que todo o povo da cidade pudesse participar do acontecimento. Foto 13

Em conversa com Adhemar Ranciaro, estabeleceu-se que ela seria trazida de algum lugar de avião para ser recepcionada no campo Salgado Filho. Com esta intenção, fui com ele ao aeroporto militar de Pirassununga para solicitar o transporte da imagem até São Carlos. Fomos prontamente atendidos. Mas, em razão do tamanho grande da imagem nos pediram que aguardássemos algum tempo, porquanto, no momento, só dispunham de aviões de treino. Todavia, estando a data da recepção difusamente propalada, duas horas antes, a imagem foi ocultamente transportada para o campo de aviação. As 16 hs, estando o local da recepção, na avenida São Carlos, apinhada de fiéis, a imagem foi transportada  nos ombros, do campo para o carro-andor, sob as aclamações da multidão. Antes de começar o desfile o Dr. Ernesto Pereira lopes, Deputado Federal, declamou vibrante saudação à Mãe de Deus, em nome do sãocarlense. Foto 14

A procissão foi seguindo lentamente pela avenida São Carlos, mão única, literalmente tomada de carros. quando a imagem, em seu andor, deu entrada no largo onde se situa a igreja, os fiéis que lá se comprimiam, explodiram em vibrantes saudações. Muitos houve que não puderam achegar-se por falta de espaço. A imagem foi colocada defronte de um altar adrede preparado. Depois de benzida, o Bispo Diocesano Dom Ruy Serra Iniciou a santa Missa. Após o  Evangelho proferiu tocante homilia sobre o culto e a  poderosa intercessão da Virgem Maria. Após a bênção final, o coro entoou o hino a Nossa Senhora de Fátima. Aos derradeiros ecos de "Ave, ave, ave,  Maria", percebemos que já baixavam  as sombras. Era hora do acender das luzes, enquanto o povo se ia retirando muito satisfeito por ter participado dessa empolgante e inesquecível manifestação mariana. Isto aconteceu provavelmente no domingo 20 de junho de 1965. Foto 15

Grata contribuição
Não dispondo de recursos para o início da obra, a comunidade passionista da igreja de São Sebastião cedeu o local e a vez para a quermesse que costuma realizar anualmente, julgo que se  tenha efetuado durante o mês de julho, aos sábados e domingos. Foto 16

guarda da imagem
Temendo, com razão, que ela viesse sofre algum dano, permanecendo na sobredita capela, recem-construída, e porque esta devia ceder o lugar para o novo templo, no domingo seguinte ao da recepção, foi conduzida com singelo acompanhamento de fiéis, para a residência de D. Esther Pereira Lopes, viuva do Dr. José Pereira Lopes, na Rua 15 de Novembro. Neste encontro D. Esther foi aclamada Presidente da comissão pró construção. Foto 17

 A ilustre senhora tomou a sério este seu encargo. Começou a fazer moções, inclusive desfile de modas em seu jardim interno a fim de angariar recursos para o prosseguimento da construção. Promoveu também contribuições de diversas famílias do bairro, incumbindo da respectiva coleta algumas senhoras de boa vontade. Foto 18

Feliz realização
O trabalho começou com entusiasmo. O chefe de obras da Prefeitura procedeu à terraplanagem. Terminados os alicerces e o baldrame, em certo domingo comum, na ausência do Sr. Bispo, o Mos Romeu Tortorelli, em cerimonia simples, benzeu a primeira pedra. O assentamento das paredes de tijolos à vista foi un tanto moroso, que deviam ser assentados em perfeito alinhamento. Por indicação do teto, foram adquiridos tijolos comuns , procedentes de Batovi, cujos mesmos seriam realçados com uma mão de verniz. Respaldadas que foram as paredes, para interligá-las, fundiu-se uma laje de concreto sobre a qual devia assentar a armação do telhado. Foto 19

Minha tranferência                                      Corria o mês de maio de 1966 quando, por disposição do Pe. José Maria Lovera, Provincial, fui transferido para Ponta Grossa a fim de construir uma casa de retiros. Antes de me despedir de São Carlos onde permaneci durante seis anos, fui visitar a imagem que me pareceu,mais que nunca meiga e serena, em seu pedestal, no terraço interno, decorado com flores e folhagens, na mesma residência de D. Esther. Naquele instante, com o olhar, implorei mentalmente à Virgem Maria , abençoasse a todos os que corressem para ultimar a construção de seu santuário. Minha ausência foi sentida, pois, para o término da igreja faltava a cobertura e o piso, além do portal e dos vitrais. Sucederam-se não poucas dificuldades e momentos de desânimo no prosseguimento da obra. Contudo, mesmo à distância, dentro do possível, continuei a acompanhar os responsáveis, com palavras de animação. Foto 20

Testemunho
Aqui dou por fé tudo quanto acabo de relatar porquanto tomei parte nesse empreendimento. A seguir, pretendia completar este relatório que o Sr. Bispo Diocesano Dom Constantino Amstalden me pediu, contando com os depoimentos dos nossos protagonistas que acompanharam a construção até o final. o que me foi possível conseguir. É de se notar que sobre isto decorreram mais de 25 anos.  Foto 21
Pe. Sílvio Mazzarotto, CP. Relator   


O pequeno oratório que o Padre Sílvio Mazzarotto se referiu na foto 04, era essa capela. Localizava-se, somente ela,  no terreno triangular, formado na  sua  frente pela  Rua Major Júlio Salles, ao fundo o Picadão de Cuiabá, hoje Rua Miguel Petroni, mais o Campus da Escola de Engenharia de São Carlos - USP e  na lateral,  a Rua Dona Maria Jacinta.  Foto 22

Sobre a porta, havia o letreiro "CAPELA SÂO BENEDITO"  Foto 23

Depois de superadas muitas dificuldades, em 20 de setembro de 1970, o grande sonho do Padre Sílvio Mazzarotto tornou-se realidade e a igreja de Nossa Senhora de Fátima se tornou Paróquia.      Foto 24                                                                             

 O Padre Silvio não datou o relato, mas na foto 21, ele escreveu: "É de se notar que sobre isto decorreram mais de 25 anos". Sua transferência para Ponta Grossa foi em maio de 1966, o relato dele provavelmente foi após 1991.

PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
                1970 - 2020    Foto 25


IMPORTANTE: Aqui falta uma foto do Padre Silvio Mazzarotto, que durante estes nove anos não foi conseguida. Se você a tiver e quiser contribuir com o Lugar do Trem, encaminhe a mesma para: alfeo.rohm@yahoo.com.br  , que será  adicionada à esta postagem.                                                                                                            

CRÉDITOS:
FOTOS:
01, 24 e 25: José Alfeo Röhm
02: Diocese de São Carlos - Pascom Paroquial, 
Eloi Moccellin e Lucinha Pinheiro
03 a 21: Livro Tombo de 2011 da Paróquia de Nossa
Senhora de Fátima, São Carlos - SP.
22 e 23: Acervo, Edna Picharillo - Tratamento digital, 
Marina Dino dos Anjos - Marina Photomania
FONTES:
Os 140 Anos da Paróquia São Carlos Borromeu  
de Monsenhor Luiz Cechinato - Editora Suprema, 1991.
 PARTICIPARAM:
Antonio Carlos Lopes da Silva
Diácono Carlos Pavan - Arquivo Diocesano de São Carlos
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm 
Marina Dino dos Anjos
Valentim Gueller Neto
AGRADECIMENTOS:
Padre João Roberto Campanini  

Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 107.
                                                         Abraços, Alfeo.

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