No início de fevereiro de 2013, o amigo Sergio Paulo Doricci comentou que havia visto uma foto de um trenzinho com o nosso amigo Ronaldo Dalri e que o mesmo havia sido fabricado pelos Censoni. Como procuro resgatar os primeiros ferreomodelistas de São Carlos, fui em busca da história. A Neuzinha, irmã do Ronaldo, mora próximo de casa e me passou o contato dele. Telefonei e ele me contou que a foto não era dele e sim do Olyntho Aluisio de Freitas Censoni. Foto 01
Ele e eu fomos colegas de Curso Primário na Escola Normal de São Carlos, entre os anos de 1955 e 1960. Após a conclusão, cada um seguiu seu caminho e nos afastamos. No final de 2012 nos reencontramos através da Internet. A família paterna do Olyntho foi proprietária da principal fábrica de veículos da grande região entre os anos de 1914 e 1943, a Fábrica de Vehículos Irmãos Censoni e Cia. Localizava-se na rua Marechal Deodoro, entre as ruas São Joaquim e Dom Pedro I. Foto 02
Das rodas, fabricavam todos os componentes: O eixo, os raios, o arco de madeira e o de ferro. A Fábrica era uma grande serraria, marcenaria e oficina mecânica. Foto 05
Naqueles anos, a predominância era de veículos tracionados por animais e muito antes de fabricar o trenzinho, fabricaram carroças para entrega e venda de pães pelas padarias da cidade e a do Correio, para coleta e entrega de encomendas e correspondência, Foto 07
Tudo era fabricado na "Censoni", as rodas raiadas, os varões e os baús. As pinturas eram feitas a mão, naqueles anos não existiam os decais e os adesivos. Foto 08
A carroça da Agência dos Correios de São Carlos ganhou cobertura. Uma grande inovação para a época! Evitava que os carteiros ficassem expostos ao sol. Foto 09 - Local: Grupo Escolar Paulino Carlos, no centro de São Carlos
Os carroções para transporte agrícola, eram utilizados nas fazendas e delas para a cidade, para a venda das produções. Nunca voltavam vazios; aproveitavam para fazer as compras nos armazéns e lojas para o abastecimento das propriedades. Foto 10
A carroça da Companhia Cervejaria Paulista de Ribeirão Preto, da época que fabricava a cerveja "TUST" Foto 11
Foto 12
Charretes, troles e semi troles. Eram carroças para o transporte somente de pessoas e quando muito, de suas malas de viagem. Foto 13
Além dos veículos de tração animal, fabricavam também ferramentas braçais para a lavoura: Arado, foices, machados, enxadas, etc. Foto 16
E para gerar energia elétrica nas fazendas, rodas d água. Essa foi fabricada e instalada pela "Censoni", na Fazenda Itaguassú. Foto 17
Com a chegada do automóvel, as carroças começaram a ser substituídas pelos furgões "Censoni". Foto 19
A Santa Casa de Misericórdia foi fundada em 12 de abril de 1891 e, após sua construção, passou a atender os doentes da cidade e também das vilas e fazendas. Foto 20
Mas a primeira ambulância só chegou aproximadamente, em 1920, um furgão 'Censoni". .A contribuição social da Fábrica Censoni foi imensa, pois era ela que promovia a diferença em transportar nas costas das pessoas, dos cavalos, ou em veículos tracionados por animais e depois automotores. Foto 21
Os avós e tios paternos do Olyntho moravam nesse casarão de 11 janelas, na rua Conde do Pinhal, 2485 esquina com a Rua São Paulo. Foto 22
Nos fundos, pela rua São Paulo, havia um barracão, que era a filial da "Censoni". Naquele local hoje, é uma Academia de Capoeira. .Foto 23
E naquele barracão é que a Ferrovia Censoni era montada. Depois de ter contribuído para fabricar muitas carroças, carroções, charretes, troles, semi-troles, furgões e ferramentas braçais, no início dos anos 50, o Sr Hércules Censoni, tio do Olyntho, construiu o trenzinho. Foto 24
A locomotiva era uma réplica da "baratinha", manobreira da CP -Companhia Paulista de Estradas de Ferro .
Era verde e, pela foto, as dimensões estimadas eram: 700mm de comprimento, 400mm de largura, e 300 de altura. A bitola, distância entre os trilhos, deveria ser de uns 200mm, e a escala aproximada de 1:10 Fotos 25 e 26
O vagão gôndola media aproximadamente: 600mm de comprimento, 400mm de largura e 250mm de altura. Ter um trenzinho nos anos 50, era o grande sonho de todos os garotos, mas eram poucos e caros. A maioria era importado da LIONEL, e alguns nacionais, ATMA. Trenzinhos eram para poucos e os garotos Censoni tiveram um fabricado pela própria família! Foto 27
O Sr Hércules Censoni, que fabricou o trenzinho, nas horas de folga da Fábrica, , era artista; pintava quadros. Nasceu em 1911 e faleceu aos 81 anos, em São Sebastião do Paraiso-MG. Foto 28
Em São Carlos, como mecânico, também montou praticamente todos os aparelhos da "Fábrica de Chocolates Finos Serra Azul." Localizava-se na esquina das ruas São Joaquim com a Jacinto Favoretto. Foto 29
Na mesma época do trenzinho, o Sr. Olynto Censoni, pai do meu colega de Curso Primário, o levava nas estações ferroviárias para ver os trens. Foto 29 - Olynto na Estação de Itirapina, anos 50.
A Ferrovia Censoni tinha um trilho longo e andava por todo barracão da rua São Paulo. Era elétrica e tinha uma caixa de controle. O Sr Hércules Censoni, um dos pioneiros do ferreomodelismo são-carlense, sempre a montava e a garotada se divertia por horas. Na foto, o Olyntho é o primeiro da esquerda para a direita, e na legenda da foto ele escreveu: -" Adorava isso !!" Foto 31
A paixão herdada do tio Hércules e do pai, pelas ferrovias, estão tendo continuidade. Hoje, o Olyntho mantém um grupo no Facebook com o objetivo de implantar um Trem Turístico em São Carlos.
VEJA MAIS
Vídeio: Fábrica de Vehículos
CRÉDITOS:
FOTOS:
Com exceção das fotos 06, 12, 20, 22, 23 e 29, todas as demais
são do acervo Olyntho Aluisio de Freitas Censoni
03, 07, 08, 11, 15 e 16: Capturadas do vídeo do You Tube
"FÁBRICA DE VEHÍCULOS IRMÃOS CENSONI (SÃO CARLOS)"
09, 13 e 14 e 19: José Censoni, avô do Olyntho
12: Rótulo da cerveja TUST: Elo 7
20: Acervo Ocimar Pratavieira
06, 22, 23 e 29: Google Mapas
25: Locomotiva "Baratinha": Prado Trens
30: Olyntho Censoni, pai do Olynto Aluisio
Participaram:
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm
Neuza Dalri
Ronaldo Dalri
Sergio Paulo Doricci
Participação especial:
Olyntho Aluisio Freitas Censoni
Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 50.
Abraços, Alfeo.
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