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  • 1 Faculdade Dom Pedro II - São Carlos-SP (1928-2009)
    Acervo Valentim Gueller Neto
  • 2 Bonde da Carne São Carlos–SP (1912-1962)
    Acervo Raymond DeGroot
  • 3 Estação Ferroviária de São Carlos-SP (1925)
    Acervo Valentim Gueller Neto

Estação 105 - A Carrocinha De Cachorros De São Carlos - SP

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A ausência de uma foto já estava fazendo com que a carrocinha de cachorros de São Carlos - SP, caísse no esquecimento. O Lugar do Trem procurou no mínimo, por 40 anos por uma imagem da mesma com os amigos, com a Fundação Pró-Memória e com a UEIM-Unidade Especial de Informação e Memória da UFSCar-Universidade Federal de São Carlos, mas não obteve resultado. Foto 01




Assim, fazendo uso da foto de um trole de cargas  e das lembranças da infância,  Foto 02




desenhou a jaula que tinha a estrutura em madeira e o fechamento em telas de arame e a instalou sobre o chassi do mesmo. Foto 03


Sobre a cobertura e junto à face posterior havia uma porta de levantar para colocar os cachorros laçados     Foto 04


e na face traseira,
outra porta, maior, para
a retirada dos cachorros
capturados.  Foto 05




Os laçadores eram tidos como desumanos e desalmados e se expunham às reações dos proprietários dos cães que chegavam até às agressões físicas e a polícia era chamada para garantir a execução do serviço.    Foto 06

Ter o cachorro laçado, significava que ele não ia voltar,  ia ser morto;    Foto 07 
    
                                                                     e gerava pânico. Foto 08

A carrocinha percorria as ruas da cidade e principalmente as das vilas e depois que a jaula estava cheia, entre 10 e 15 cachorros,    Foto 09

ia para o depósito de cachorros, que ficava no Posto Zootécnico, na Av. Dr Carlos Botelho, 1465, onde passava o bonde SANTA CASA - GYNÁSIO.   Foto 10

O depósito ficava no fundo, atrás das garagens e oficinas municipais que ocupavam os barracões da extinta      Foto 11

Escola de Zootecnia " Dr. Pádua Salles", hoje Observatório da USP,  Foto 12

A "hospedagem" no depósito municipal era por apenas três dias. O proprietário de um cão tinha que ir identificá-lo no depósito, depois ir até o Palacete Conde Do Pinhal, no centro da cidade, para pagar a multa e, finalmente, com uma via da multa paga, retornar ao Posto Zootécnico para a retirada do cachorro.  Os cães que eram retirados voltavam para suas casas e os demais, sadios ou não, eram sacrificados. Os comentários da época,  anos de 1950 e 1960, contavam que eram afogados em um tanque com água e depois  transformados em sabão. Depois de muitas reclamações, a Prefeitura Municipal criou uma licença anual para que os cachorros de famílias pudessem ficar na rua e não fossem laçados. Mediante o pagamento, o contribuinte recebia uma plaquinha metálica dourada com o nome da Prefeitura, o número da licença e o ano. Era para ser fixada na coleira do cachorro para ser identificada pelos laçadores,  mas para aqueles que eram menores e mansos, na primeira saída, voltavam sem ela, roubavam.  Fotos 13   
                         Foto 14
                                            
A MOLECADA:
A molecada, ah a molecada! Quando a carrocinha apontava em uma das ruas da Vila Pureza, os moleques ajudavam os cachorros a fugir e os laçadores estacionavam, desciam e corriam atrás  deles para tentar laçá-los. Era o momento esperado:  os moleques aproveitavam o distanciamento dos laçadores,  abriam a porta traseira da jaula e batiam nas telas para os cachorros saíssem. Fazer isso era ótimo e  tinha sabor de vitória! O Lugar do Trem fazia parte, mas chegou até a dar a presença da polícia.


As pessoas que cometiam alguma agressão contra a sociedade, iam para a delegacia de polícia em uma viatura;  Foto 15

e os cachorros que eram tidos como "vadios" e que se tornavam riscos  para a transmissão da raiva, iam para o depósito municipal de carrocinha. Foto 16

A carrocinha pode ter sido construída nessa fábrica que ficava na Rua Episcopal, 901-961. Hoje, S. A. Indústrias Giometti, ou    Foto 17

 na Fábrica de Vehículos Irmãos Censoni e Cia, que localizava-se na Rua Marechal Deodoro, entre as Ruas São Joaquim e Dom Pedro II. Hoje, Delegacia de Investigações Gerais da Polícia Civíl, ou    Foto 18

na Zani, na Rua São Sebastião, 1667, hoje Residencial São Sebastião, ou nas oficinas da Prefeitura Municipal, na Av. Dr Carlos Botelho, 1465, hoje Observatório da USP . Foi caprichosamente construída pois enfrentou as ruas de terra e de paralelepípedos da cidade por mais de vinte anos.  Foto 19

Nos anos setenta, com   as bodas de prata, a carrocinha foi aposentada. E, para mostrar que São Carlos estava ficando moderna, chegou a versão motorizada. A jaula foi instalada sobre uma caminhonete Volkswagen. Teve vida curta, pois em paralelo começaram as ações de proteção aos animais e acabou sendo desativada.   Foto 20

 A carrocinha verde que era puxada por cavalos, nunca participou dos desfiles comemorativos, pois era repudiada.  Mas poderia estar em um museu, pois se trouxe muitas angústias para os proprietários dos cachorros, também era um símbolo da preservação da saúde dos são-carlenses. O Lugar do Trem desenhou em preto e branco e a Marina Photomania colocou as cores, mas tudo começou com o trole-prancha e com as lembranças da infância dos anos de 1950 e 1960.  Assim, podem faltar detalhes, mas a ideia é  deixar aqui o registro da existência da carrocinha de cachorros de São Carlos - SP.  Foto 21

CRÉDITOS:
Fotos:
01, 02,  03 a 05, 14, 16, 19 e 20:José Alfeo Röhm
10:  Oeste Filmes 1927
11 e 12: Almanack - Album de São Carlos 1916 - 1917
17: Acervo Foto Arte - José João "Alemão"
19: Olynto Aluisio Censoni
21: Tratamento digital - Marina Dino dos Anjos
 PARTICIPARAM:
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm 

Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 106.
                                                         Abraços, Alfeo.

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