São Carlos - SP teve sua primeira ou uma das primeiras fábrica de velas entre as décadas de 1950 e 1970, na Rua Marechal Deodoro, Nº 2609, a VELAS CARILE. Na residência moravam os tios Tomaz Carile, Odila Cavasin Carile, a prima Maria Adelaide - a "Dade", e o avô dela, Miguel Carile que, para os primos, também era avô, o vô Miguel. E no quintal, a fábrica de velas do tio Tomaz. Foto 01
Aquela residência fica próxima da Rua Campos Salles onde, na casa da esquina, existe uma máscara como se fosse apoio das molduras da calha. Foto 02
E logo acima, na Rua Campos Salles, esquina com a Rua Padre Teixeira, era a Estação dos Bondes da CPE - Companhia Paulista de Eletricidade, onde o vô Miguel trabalhava, hoje Edífício Torre Di Itália. Naquela pequena região da Vila Nery, havia o PEDAÇO DAS ARTES; a FÁBRICA DE VELAS CARILE, a máscara no vértice da casa e a Estação dos Bondes. Foto 03
OBS: A faixa branca no poste indicava o ponto do bonde.
A fachada mudou, era com muros baixos, grades e portão no centro e, após ele, no quintal era onde acontecia a arte das velas. Foto 04
Em um barracão, tudo era artesanalmente fabricado com muita arte e extremo capricho. Nas torrefações o aroma é de café, nas serrarias, de madeira e naquele quintal mágico, o aroma era das velas. Foto 05
Conhecedor de processos químicos, o tio Tomaz derretia as borras de resíduos de velas oriundas dos cemitérios e das igrejas, purificava, alvejava e se tornavam a base das novas velas. Foto 06
Ao material reciclado, era adicionado uma quantidade de parafina nova e ambos formavam a mistura para a fundição das velas. Foto 07
As fôrmas eram preenchidas uma a uma e Foto 08
o pavio era preso no centro do fundo da fôrma de gesso, esticado até o topo e preso com uma tala. Depois era fechada e dentro dela era colocada a mistura líquida e quente. Após esfriar e solidificar era mais uma vela pronta para o acabamento final. Foto 09
e para torná-lo mais espesso, várias seções eram esticadas e torcidas por um berbequim. Foto 11
Um dos principais locais que as velas palito CARILE eram encontradas, era na A ECONÔMICA, um armazém de secos e molhados que localizava-se na esquina das Rua Episcopal e Marechal Deodoro. Foto 16
Um pouco depois, chegaram mais duas máquinas para velas longas e lisas, destinadas a altares e funerárias. Foto 17
As velas para altar, além de expressar a fé, iluminavam a moradia da imagem. Foto 18
Para os velórios, havia as velas fabricadas para as funerárias de São Carlos e também para as de São Paulo, que ficavam na Rua dos Andradas. Eram transportadas por ele ou enviadas pelos ônibus da VIAÇÃO COMETA. Foto 19
para a confirmação do batismo, as velas para as crismas. As velas litúrgicas eram comercializadas pelas secretarias das igrejas e livrarias religiosas da cidade. Foto 23
As velas de 15 anos eram encomendadas pelos clubes da cidade para os bailes das debutantes ou pelas famílias quando a comemoração era na casa dos pais da aniversariante. Foto 24
Depois de fundidas, as velas torneadas e decorativas após serem retiradas das formas, eram rebarbadas para o alisamento das superfícies e como acabamento final, envernizadas ou banhadas com parafina líquida. Foto 26
E eram transformadas em obras de arte, princialmente para os dias comemorativos. Foto 27
As palmas ou espadas de São Jorge completavam a linha das velas decorativas. Foto 29
E para as noites do Natal e da passagem do ano, as chamas das velas nos castiçais requintavam as mesas das ceias . Foto 30
Outro produto das VELAS CARILE era a CERA LUCITA que concorria com as principais marcas da época; CARDEAL, COLMEINA e PARQUETINA. Foto 33
A cor do rótulo indicava a cor da cera. A marca "LUCITA" foi uma homenagem à sobrinha Lúcia Helena Cavasin Zabotto Pulino que na família é carinhosamente cahamada de Lucita. Foto 34
Naqueles anos, enceradeira era artigo de luxo e para poucos. Para lustrar os assoalhos após ser aplicada a CERA LUCITA, era usado o escovão. Foto 35
No início dos anos 1970, a VELAS CARILE empreendeu mais uma vez e passou a fabricar velas para as religiões afro-brasileiras. que mais pareciam obras de arte. Foto 36
Mas os anos vão passando, a cidade vai sofrendo mutações e muitas coisas vão desaparecendo, foi o caso também da VELAS CARILE que, com o falecimento do ARTISTA, em novembro de 1976, foi desativada, mas deixou muitas saudades para aqueles que a conheceram e para aqueles que consumiam seus produtos. São Carlos perdeu parte da sua história fabril-artesanal.
CRÉDITOS:
FOTOS:
01 e 04: GOOGLE MAPS
02: Célia Patrizzi Verzola
03: Filemon Perez
05: SUL BRASIL
06: ZIPANÚNCIOS
08 : VIAJANDO COM AMAN
09: ANDD PROJETOS
10: AMAZON
11: OLX
12: BP BLOGSPOT
14: Daniel Gobato Röhm
15: DESAPEGA
16: Acervo - Valentim Gueller Neto
17: WIKIPEDIA
18: ELISASTECA
19: WIKIPEDIA - Diego Martin
20: ELO7
21: BALIONIEVENTOS
22: PAZ E BEM
23: PAZ E BEM
24: ELO7
27: ALIEXPRESS
28: MERCADO LIVRE
29: LOJA DAS VELAS
30: SHOPEE
31 e 32: FOTO ARTE - José João - "Alemão"
33 e 34: Marina Dino dos Anjos - Tratamento digital
36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45 e 46 : VELAS CATANDUVA
PARTICIPARAM:
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm
José Luis Cavasin Raschelli
Marco Antonio Cavasin Zabotto
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
Maria Adelaide Carile Doricci
Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 109.
Abraços, Alfeo.
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