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  • 1 Faculdade Dom Pedro II - São Carlos-SP (1928-2009)
    Acervo Valentim Gueller Neto
  • 2 Bonde da Carne São Carlos–SP (1912-1962)
    Acervo Raymond DeGroot
  • 3 Estação Ferroviária de São Carlos-SP (1925)
    Acervo Valentim Gueller Neto

Estação 107 - LEMBRANÇAS DE RIBEIRÃO PIRES NAS DÉCADAS DE 1950 e 1960

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Nos finais dos anos 1950 e 1960,  íamos passar as festas natalinas em Ribeirão Pires - SP. A ida era de trem, cheia de emoções pela CPEF - Companhia Paulista de Estradas de Ferro e a EFSJ -   Estrada de Ferro Santos - Jundiaí e a chegada uma festa com o reencontro com a vó Margarida, os tios Hugo e Nena, Valter e Mafalda,  Valim e Guiomar, Nilton e Filhinha e Nelson e Margarida e, respectivamente os primos Nancy e José Carlos, Ilza e Valtinho, Hydeli e Marcia, Ivana e Cleidinha, Elaine e Adriana. Com meus pais, Alfeo e Anita e os dois filhos, Sergio e eu, eram 6 irmãos Röhm, 6 cunhadas, 4 primos e 8 primas. Valim era o apelido, o nome dele era Durval, mas ninguém o conhecia pelo nome, Nena era como todos a chamavam, o nome dela era Eliza,  Filhinha é o apelido e o nome dela é Maria Apparecida, mas até ela se identifica pelo apelido e  José Carlos é o nome, mas na família ele é carinhosamente chamado de Nego. Foto 01

O primeiro reencontro era  com a vó Margarida Boaretto Röhm, no pavimento superior do sobrado,  na Rua Jorge Tibiriçá, Nº 16, hoje  Nº 184, SOLAR DOS RÖHM, ele continua lá e tem muitas histórias pra contar! No almoço do Natal, o prato mais esperado era a leitoa à pururuca preparada pela matriarca .  Depois, a semana era para os tios, tias, primos e primas. Em um dos dias da semana, chegava de São Paulo a tia Joana, irmã do falecido vô Gustavo Röhm. Ela era geniosa, austera e exigente, mas nos cobria de presentes, nos dava muitos conselhos e queria que os  12 sobrinhos-netos estudassem. Foto 02                                                                                                     

Além do reencontro familiar, para meu irmão e eu que eramos crianças, também o mais esperado era rever a fábrica de adornos natalinos que ficava no pavimento térreo do sobrado e que era dos nosso tios Ugo e Valim. Foto 03

Eram caixas e caixas de bolas, papais noéis,  sinos, pinhas, feitas em vidro e  as cores espelhadas enchiam os olhos e traziam muita felicidade! Crianças entrar na fábrica era proibido, mas para nós podia, só uma vez e bem rápido. Foto 04 






Tudo começava em um barracão no fundo com tubos de vidro,     Foto 05 


que eram aquecidos sobre a chamas dos maçaricos e depois soprados pelos maçariqueiros.  Foto 06 


Era uma produção artesanal, maçariqueiros lado a lado,  aquecendo os tubos de vidro e  soprando.  E para garantir o padrão de tamanho das bolas, havia um arco de arame.   Foto 07


Para os adornos com mais detalhes, como papais noéis, pinhas, peões, espigas de milho e ponteiras,  havia moldes semelhantes ao TOSTEX.          O tubo de vidro incandescente  era colocado dentro do molde aberto , depois era  fechado e  soprado.  Fotos 08, 09 e 10    

Depois de inflados, descansavam para o resfriamento,   Foto 11 
                      

Em um segundo ambiente,  dentro delas era colocado nitrato de prata para fazer o espelhamento interno.  Depois iam para uma máquina que, com três berços sobrepostos  faziam o agitamento do líquido para formar uma espelhação uniforme. Esse agitador era extremamente ruidoso! Foto 12 


Depois de espelhadas internamente, em um terceiro local,  os enfeites ganhavam uma cobertura externa com verniz com corantes e de prata espelhados, passavam para amarelos, vermelhos, azuis, dourados, verdes... Foto 13


Espelhados e envernizados,  iam para as salas de pinturas, onde moças faziam decorações incríveis! Foto 14



Pinturas detalhadas, realizadas por artistas,    Foto 15 
feitas através de seringas,  Foto 16 


e palitos.  Foto 17 


Os pequenos pincéis davam os retoques e em cada adorno ia sendo construído uma obra de arte para fazer a alegria do Natal. Foto 18  

Depois de prontos, ganhavam o protetor metálico
 com o anel para ser pendurado na arvore. 
Foto 19  


E  iam sendo organizados para a seleção do controle de qualidade,    Foto 20 

Nessa etapa, os produtos com pequenas imperfeições eram retirados,      Foto 21 

 e somente os produtos perfeitos,      Foto 22


é que eram     Foto 23


destinados às embalagens,   Foto 24 


 caixas de papelão Paraná.  Foto 25 

E em cada caixa,  os brilhos e os tons festivos do Natal.  Foto 26


Cada caixa aberta, era  uma nova emoção!   Foto 27


                             

E da roça, as espigas de milho.   Foto 28 

Peões, botas...,    Foto 29 

sinos, lamparinas, ... Foto 30 

efeitos especiais nas bolas,  com o vidro repuxado.   Fotos 31, 32 e 33
                                                                                   

Pinhas e laranjas.   Foto 34

Cogumelos, casinhas, tambores, cachos de uvas,  Foto 35

 

















lanternas japonesas,  Foto 36

e bolas aveludadas.  Foto 37

E, para a ponta da árvore
                   muito  difícil de ser modelada,      Foto 38
                                                                      
                                                                  a ponteira. Foto 39

Os festões tinham como suporte barbantes verdes torcidos que prendiam as fitas de raspa de madeira Pita,  tingidas de verde.  Foto 40


E as guirlandas para as portas de entrada, tinham uma armação de arame torcido que sustentavam as fitas de Pita.   Foto 41 
As árvores de Natal tinham uma estrutura central de madeira e os galhos
 eram com arames torcidos e fitas de Pita,  e com  a  ponteira,  quase que 
batia  no  teto.  A  decoração  natalina  mais  linda  ficava  pronta para a
 chegada do Papai Noel e a comemoração do aniversário de Jesus.  Foto 42 


A  produção de adornos natalinos  era anual,  começava entre entre janeiro  e 
 fevereiro,  para  que os  pedidos  fossem  entregues   entre outubro e novembro.
                   Os grandes clientes da ROTIZ eram:                                             Fotos 43, 44, 45, 46 e 47                              
Nos anos 70, o progresso chegou e os adornos natalinos passaram a  ser fabricados de plástico, através de  injetoras  automáticas e toda  aquela beleza artesanal cessou. Aqueles moços e moças  que nos anos 1950 e 1960, tinham,  no máximo 18  anos,  hoje estão entre  70 e 80 anos   e   têm muitas histórias pra contar. Fica aqui o espaço para eles e elas darem a continuidade nesta história.

A semana  passava rápido.  E, depois  de  matar  as saudades da vó
 Margarida, dos  tios, tias,  primos e  primas  e de  ter  visitado  por 
mais uma vez a ADORNOS ROTIZ, voltávamos para São Carlos.
A emoção  continuava, a volta  era  no  trem  de  luxo da Companhia
 Paulista de Estradas de  Ferro,  o "Trem R".  Foto 48

CRÉDITOS:
FOTOS:
01: MAPAS. CULTURA.GOV.BR - Prefeitura Municipal da Estância Turística
 de Ribeirão Pires - Expresso Studio - Sergio Luiz Jorge. 
02: Alfeo Cyro Röhm
03: José Alfeo Röhm
04, 13,19,25,26, 28, 29, 30, 31, 32,33, 34 e 39: Facebook ,
Caçadores de Relíquias - Nilton Luz Netto
06, 07, 08, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 23 e 24:
 UOL NOTÍCIAS-  - Kacper Pempel / Reuters
09 e 10: MERCADO LIVRE
27, 35, 36 e 37: Facebook , Caçadores de Relíquias - José Henrique Popp
40: ELO 7      
41: ARMARINHOMARINHO - https://www.armarinhomarinho.com.br/enfeites-de-natal/1731-guirlanda-festao-verde-25cm-magizi-7899655001912.html                                                            
42: CASA & FESTA  
 43: STRAVAGANZA - Leopoldo Costa - ELETRO-RADIOBRAZ    
44: LOGOPEDIA  -  LOJAS AMERICANAS
45:  MAPPIN
46: LOGOPEDIA  - MESBLA             
47: LOGOPEDIA - SEARS
48: MESTRE FERROVIÁRIO - Matheus Peixoto 

 PARTICIPARAM:
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm 
Ivana Maria Röhm  Bernardes da Silva 
Nancy Röhm Faustino
Sandra Röhm Faustino Chiedd

Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 108.
                                                         Abraços, Alfeo.

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