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  • 1 Faculdade Dom Pedro II - São Carlos-SP (1928-2009)
    Acervo Valentim Gueller Neto
  • 2 Bonde da Carne São Carlos–SP (1912-1962)
    Acervo Raymond DeGroot
  • 3 Estação Ferroviária de São Carlos-SP (1925)
    Acervo Valentim Gueller Neto

Estação 92 - Letreiros do "Zé Pintor" - III

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CONTINUANDO O PASSEIO

Esta postagem é continuação da Estação 90 e da Estação 91, onde foram apresentadas  entre ambas, 28 rotas da cidade de São Carlos-SP, pelas quais o cineasta, fotógrafo e artista plástico José de Oliveira, "Zé Pintor", pintou letreiros nas fachadas das Empresas, Aviões, Portas e Para-choques de veículos, entre as décadas de 40 e 90. Como ele sempre se auto fotografou, as fotos resgatadas  pelo Lugar do Trem dos anos 2000,  estão em algumas rotas abaixo. Anos em que os cabelos do artista se tornaram brancos, e as fotos diminuiram.  Foto 01 

ROTA DA VILA PUREZA


Nos anos 2000, o Zé Pintor foi na  Pediatria do SUS  da Santa Casa de Misericórdia e presenteou aquele hospital com pinturas infantis, Localiza-se na Rua Paulino Botelho de Abreu Sampaio,  573. Foto02

Depois foi na RODTUR TURISMO.  Localizava-se na Av. Dr Carlos Botelho, 1332, Hoje, ÓTICA OBJETIVA. Atualmente a RODTUR TURISMO localiza-se na Rua 28 de Setembro, 1900,   Foto 03


Atravessou a rua e  passou no FUKUHARA FOTO E ÓTICA e identificou o local.  Foto 04


Localiza-se na Av. Dr Carlos Botelho, 1341. Hoje, W FUKUARA ESTÚDIO DIGITAL. Foto 05

ROTA DO CENTRO

Na rota do centro, voltou na PERFIL MEDICINA & ESTÉTICA e repintou o logo da clínica. Localizava-se na Rua Padre Teixeira,2096. Hoje, Rua D. Pedro II, 1494 , Foto 06

Empresa irmã da PERFIL MEDICINA & ESTÉTICA, a NATIVELLI COSMETICS teve sua placa artisticamente pintada.  Foto 07


A seguir, voltou na RORAIMA FERRAMENTAS ELÉTRICA e repintou a fachada. Localizava-se na Rua Episcopal, 1773. Hoje, salão desocupado. Foto 08


E para encerrar a rota, passou na PROVAC DRIM, Localizava-se na Rua São Joaquim, 1049. Hoje, imóvel desocupado. Atualmente a PROVAC DRIM localiza-se na Rua Conde do Pinhal, 2939.  Foto 09
ROTA DA REGIÃO DO 
 TEATRO MUNICIPAL 

Passou pelo Teatro Municipal "Dr. Alderico Vieira Perdigão" e chegou no ESPAÇO TERAPÊUTICO HOLÍSTICO. Localizava-se na Rua José Bonifácio, 1200. Hoje, residência.  Foto 10
ROTA DA REGIÃO 
DA CATEDRAL

Depois, passou pela Catedral e foi no CENEVIVA CINE FOTO , para a divulgação das promoções dos 57 anos,   Foto 11


e voltou, no final do ano, para a divulgação das vendas natalinas.  Localiza-se na Av S Carlos, 1563.  Foto 12
ROTA DA REGIÃO DO 
MERCADO MUNICIPAL

Chegou no Mercado Municipal "Antonio Massei" e na CASA DO CELULAR  divulgou a promoção,  Foto 13

e voltou para a promoção do Dia das Mães.  Localizava-se na Av. São Carlos, 1535.  Hoje, CRIS PARK BIJUTERIAS E ACESSÓRIOS.  Foto 14


Foi na loja vizinha, CABOCHARD MODAS E CALÇADOS LTDA e repintou a vitrine com os descontos de 30%. Localiza-se na Av. São Carlos, 1513. Foto 15 






Voltou no FOTO FUKUHARA para os letreiros de final de ano. Localizava-se na Av. São Carlos, 1371. Hoje, TUNODA CALÇADOS. O FUKUHARA STÚDIO DIGITAL atualmente localiza-se na Rua D. Pedro II, 1380. Foto 16


Depois, foi na A BOA COMPRA MAGAZINE, para divulgar as promoções dos 21 anos. Localizava-se na Rua Jesuíno de Arruda,  1937. Hoje, salão desocupado. Foto 17

E logo à frente encerrou a rota, chegou na BETO ELETROTÉCNICA e repintou a parede. Localiza-se na Av. Comendador Alfredo Maffei, 2135, esquina com a Rua José Bonifácio,  Foto 18
ROTA DA REGIÃO DA 
RUA GENERAL OSÓRIO
"CALÇADÃO"

Iniciou a rota pela SATO ÓTICA JOIAS E RELÓGIOS. Localizava-se na Rua General, 880. Hoje, MIX GLAMOUR BIJUTERIAS E ACESSÓRIOS. . Atualmente, SATO ÓTICA JÓIAS E RELÓGIOS.  Localiza-se na Rua 9 de Julho, 1090. Foto 19

Bem próximo, pintou a placa para a LANCHONETE SUN CITY EXPRESS. Localizava-se na Rua Episcopal, 1050. Hoje, LANCHONETE TROPICANA - Atualmente o Sun City  é restaurante chinês, localiza-se na  Rua D. Pedro II, 1281. Foto 20
ROTA DA PRAÇA ELIAS SALLES
"SANTA CRUZ"

Depois, passou pela Praça "Santa Cruz" e foi na GRAU  LETREIROS. Localizava-se na Rua Bento Carlos, 475. Hoje,  BAZAR VITÓRIA.   Foto 21






ROTA DA PRAÇA
 ITÁLIA

Continuou, e foi próximo da Praça Itália, na SEBASTIÃO AUTOMÓVEIS. Localizava-se na Rua Humberto de Campos, 197, esquina com a Av. São Carlos. Hoje, RODAR VEÍCULOS. Foto 22






ROTA DA VILA 
SANTO ANTONIO


Nesta última rota,  foi na ARI AUTO ESCOLA. Localiza-se na Rua Conde do Pinhal, 3200, esquina com a Rua Maria Izabel de Oliveira Botelho . Hoje, ARI DESPACHATE e ARI  CENTRO DE FORMAÇÂO DE CONDUTORES DE SÃO CARLOS, na Rua Conde do Pinhal, 2443.     Foto 23      


Para encerrar esta trajetória que iniciou-se na Estação 90 , no dia 15 de agosto de 2016,  o Zé Pintor quis retornar onde brincava na infância, de onde tem muitas lembranças e saudades, a Estação Ferroviária . Foto 24 
E na plataforma, fez pose para a foto. Obrigado Zé, pelo passeio!

Das 19   Empresas aqui listadas, 07 não existem mais ou mudaram de atividade; mas nas fotos do José de Oliveira,  estão memorizadas.

Hoje, o Zé Pintor quase não pinta mais os letreiros. Os 86 anos e o aparecimento das novas tecnologias que recortam as letras em folhas plásticas autoadesivas foram diminuindo a procura pelas pinturas nas fachadas das empresas, nas portas e para-choques de veículos. Nas fotos também está memorizada a arte do letrista, profissão em extinção pelas letras e desenhos adesivados, sem a arte dos pincéis e das tintas. Nem todas as fotos puderam ser publicadas, pois nem ele, pela idade avançada, consegue identificar alguns locais. Mas, fica o registro entre os anos 40 a 2000, da arte do Letrista que contribuiu muito para movimentar a economia são-carlense.

ZÉ PINTOR POR
CIRILO BRAGA

Em 25 de agosto de 2016, o Lugar do Trem foi visitar o escritor Cirilo Braga, e ele presenteou esta página com uma de suas crônicas;

Zé Pintor
Cirilo Braga

A imagem daquele senhor que tomava café ao meu lado parecia familiar. “Não era o senhor que pintava os anúncios de filmes no cine São Carlos?”. Dito e feito. Era. Magrinho, de cabeleira grisalha, óculos e blazer escuro, confirma a lembrança e se apresenta: José de Oliveira, desenhista. 

Falar com ele rapidamente ali no bar do Gianlorenço numa manhã de sábado, trouxe flash do ano de 1976, quando a garotada do Paulino Carlos se reunia para assistir seu trabalho na Praça Coronel Salles. Eu estava ali e achava impressionante ver o esboço do desenho, entrar em aula e na saída ver a obra concluída. Seu José empunhando um pincel reproduzia pôsteres de filmes antológicos. Não esqueço de “Inferno na Torre” e “King Kong”. Hoje chamam de “workshop” aquela canja que ele nos dava pintando ali na praça.
Agora me conta que continua em atividade, mesmo aposentado há anos. Mora num lugar acanhado e complementa seus proventos pintando letreiros. Tem um quadro seu exposto no Museu Cerqueira César, na Estação Cultura. Vou passar lá pra ver.

Na rápida conversa comenta que o artista, com raras exceções,  nunca é reconhecido nem bem recompensado pela sua arte. Eu digo que no Brasil é assim, ele completa que não só aqui, mas no mundo. Tem razão. É difícil citar alguém além de Pablo Picasso que tenha feito sucesso enquanto vivo.

Outro dia, revendo em DVD o documentário dos “100 de Cinema em São Carlos”, lá estava ele. Nosso amigo José de Oliveira, dando um depoimento no recorrente cenário da praça Coronel Salles.

Em 50 anos de trabalho ligado ao cinema, também esteve por detrás da câmera. Produziu pérolas como documentários de eventos que ocorriam na cidade em meados do século passado e que eram exibidos num projetor de cinema 16mm. Mas o grande momento foi mesmo como desenhista nos cines São José e São Carlos. Numa época em que as informações dos filmes em cartaz não eram tão acessíveis, os desenhos de José serviam de isca para atrair o público.

Rubens Sampaio lhe dizia: “Zé, desenha o revólver do John Wayne fumegando porque é disso que o povo gosta!”. Ele conta no documentário que adorava desenhar Bete Davis. “Desenhei inúmeras vezes; até decorei como é que se desenhava  os olhos de Bete Davis”. Bela frase.

Pensando bem há certa poesia na fala do homem que no  entanto só gravou na memória as vezes em que foi até a praça para assistir à demolição do cine São Carlos. “Fiquei muito triste, mas paciência”.

O ano era 1976 e não sei por que razão os últimos dias têm me permitido uma releitura daquele tempo. Releitura é o termo. Porque tudo o que é visto  numa determinada época, em momentos diferentes permite outra interpretação ou um novo reparo e até redescobertas. 

Eu tinha 13 anos quando vi o desenhista José fazer o cartaz do filme “Tubarão”, costumava visitar o Museu que era na praça, a biblioteca municipal na rua 9 de Julho e correr em torno da escola Paulino Carlos nas aulas de educação física do professor Patrizzi. Depois de uma penca de voltas, medíamos a pulsação, disputando quem tinha o coração menos acelerado.Eu nunca vencia.

Mudava de casa, mas continuava morando ali no centro, da rua Padre Teixeira para a São Joaquim, continuando nas cercanias de bons vizinhos como o solene Doutor Álvaro Giongo, a Padaria Perez e dos futuros moradores do prédio em construção chamado “Rosa de Prata”. 

Naquele ano, a Rede Globo apresentou um documentário sobre a minha terra, Boa Esperança do Sul em pleno Globo Repórter – e é impressionante que o DVD do programa tenha chegado às minhas mãos por esses dias. Muita água passou por debaixo da ponte do rio que corta a cidade de lá para cá. 

O cenário alterou pouco, os personagens se foram. Em São Carlos, a demolição do cinema na praça pareceu emblemática. Ali os estudantes enfrentavam a polícia numa cidade em que os telefones tinham quatro dígitos, não havia DDD nem estação rodoviária e pelas ruas desfilava o mais novo lançamento do mercado de implementos agrícolas: o CBT 2.400, maior e melhor trator de rodas fabricado no país para trabalhos pesados. Procurei em meus guardados e lá estão os relatos que escrevia dos primeiros jogos do Grêmio Esportivo Sãocarlense.

Vira e mexe acontece isso de algum ano perdido no tempo reaparecer de súbito.Não como o fantasma da mulher que a lenda dizia aparecer no viaduto da Federal, mas para abrir uma fresta e permitir uma releitura dos muitos livros que compõem a vida e que bem poderiam ter as capas desenhadas pelo seu José de Oliveira. De vez em quando, é saudável reler, pois trarão um novo conhecimento.


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CRÉDITOS:
Fotos:
 01 a 23: José de Oliveira, "Zé Pintor"
24:  Valentim Gueller Neto, maquete  ferroviária temática de Sergio Paulo Doricci
25: José Alfeo Röhm
Acervos: Marina Dino dos Anjos, José Alfeo Röhm e Valentim Gueller Neto
Participaram:
Antonio Carlos Lopes da Silva
José de Oliveira, "Zé Pintor"
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm
Marina Dino Dos Anjos
Sergio Paulo Doricci
Valentim Gueller Neto
Agradecimentos:
Cirilo Braga

Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 93.
                                                         Abraços, Alfeo.

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