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Estação 60 - Um Engenho a Vapor de 1952

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Em setembro de 2011, fomos visitar em Araraquara, a amiga Nereide, viúva do falecido ferreomodelista Ennio Francica. Ela abriu um armário e nos mostrou um conjunto mecânico e nos perguntou se conhecíamos.  Foto 01

CLIQUE SOBRE AS FOTOS QUE AMPLIAM


Meu filho Daniel e eu analisamos muito e concluímos, graças ao documento anexo ao conjunto, que se tratava de um engenho a vapor em escala reduzida. Aí, aproveitamos a oportunidade para  fazremos muitas fotos.  Foto 02



No mundo do modelismo, estamos acostumados a conviver com modelos  de: Automóveis, caminhões, ônibus, aviões, bicicletas, dioramas, motocicletas, embarcações, tratores, trens, veículos bélicos e de tração animal, ferrovias, pessoas, animais, trens..., mas são apenas exemplos, pois certamente há outras modalidades. Em 1952, o italiano Guitti Vesto di Pietro fez uma modelagem muito diferente, um engenho a vapor na escala 1:130. Mudou-se para o Brasil, foi morar em Araraquara e presenteou o Ennio com o engenho.  Foto 03


       
                           
A entrada de vapor se dá pela conexão indicada à direita da foto. Dentro da caixa que tem na frente as letras "GV", Guitti Vesto,  está a válvula de pressurização; na base superior, o mecanismo de controle de velocidade por força centrífuga e na inferior, a saída do vapor.  Foto 04



Na sequência, a câmara do pistão,  Foto 05


e o  pistão,  acoplado em uma haste e esta a um virabrequim, (manivela), Foto 06


que transfere o movimento de vai e vem do pistão, para o eixo do volante,  Foto 07



fazendo  o mesmo girar.  Foto 09


Na escala real, entre o volante e um eixo superior , era colocada uma correia para movimentar várias máquinas. A transferência de força também se dava pelo eixo do volante. Foto 10



O mecanismo de controle da velocidade é acionado pela pressão do vapor, o eixo central gira e os braços com as esferas nas extremidades   Foto 11


vão subindo e girando com a elevação da pressão. Foto 12


Quanto maior a pressão de vapor, maior é a velocidade do eixo central e mais elevado ficam os braços com as esferas. Foto 13


Do lado esquerdo da câmara do pistão, aparece o mecanismo de controle de velocidade. Foto 14



O controlador de velocidade atua como freio através de uma haste que está acoplada no eixo do volante e mantém a velocidade do mesmo constante. Foto 15




Anexo ao engenho em miniatura, há um documento que relata sua fabricação. Foto 16                                                                                                                                                                                                                                                                               As traduções seguinte são bem pessoais e conforme meu entendimento:



O conjunto mecânico de precisão foi desenvolvido na  Foto 17


Na época, a Empresa possuía vários estabelecimentos na Itália e Africa.  Foto 18


Fabricava aeroplanos, barcos, motores de aviação, construções eletromecânicas, álcool, óleo vegetal e óleo lubrificante     Foto 19   


O documento foi datilografado no estabelecimento de Reggio Emilia, em 07 de março de 1952.        Foto 20


O objetivo principal do documento é certificar a fabricação do mecanismo e relata o seguinte: que o engenho  de vapor fixo relacionado, foi construído pelo  servidor Guitti Vesto di Pietro em suas horas de folgas e com recursos próprios.  Foto 21



Assinatura do Diretor da SOCIETÁ AERONAUTICA ITALIANA,  Foto 22


A assinatura do Diretor  Luciano De Griffi fu Ettore foi reconhecida na Câmara de Comércio, Indústria e Agricultura de Reggio Emilia em 08 de março de 1952, sob o protocolo Nº 708.  Foto 23



Na anotação manuscrita está a  POTÊNCIA DA MÁQUINA 1:130:  Atinge 1HP a 5 atm (atmosferas) de vapor.   Foto 24


Mas, para chegar em todos esses detalhes, o Gutti certamente conhecia muito  de  mecânica de precisão. Foto 25


E além disso, para chegar nas medidas do modelo, conviveu com um engenho remanescente da era a vapor, na escala real, talvez da Societá Aeronautica Italiana, onde trabalhava.    Foto 26


Como o fabricou nas horas de folga, após o almoço e jornada de trabalho, deve ter levado muitos dias para concluí-lo.  Foto 27


Estimar esses tempos é muito difícil, pois foram utilizadas várias máquinas de usinagem, torno, fresadora, plaina, furadeira, além de ferramentas manuais como tarraxas e machos.   Foto 28                                                                      Se o desenvolvimento desse engenho a vapor  ocorresse dentro de uma escola técnica, teria sido através de quatro ou cinco anos de um curso de mecânica e como exame final, seria a apresentação da máquina pronta e funcionando.  


O conjunto mecânico pesa 10 quilos, o comprimento da base é de 575mm       Foto 29


e a largura 430mm.       Foto 30



Depois de fazermos muitas fotos, tivemos a ideia de filmar o engenho em operação. Não foi facil, pois não havia nenhuma fonte de vapor. Então tivemos que conseguir um compressor de ar emprestado, mas deu certo, o engenho funcionou.  Foto 31 


Na hora da filmagem, o mecanismo de controle da 
velocidade não girou, pelas improvisações  e o
 adiantado da hora, não foi possível revê-lo.

VEJA O VÍDEO:



Se passaram 61 anos  que o Guitti Vesto di Pietro concluiu seu engenho de vapor, na escala 1:130 e hoje, se alguém quiser fazer um, vai ter dificuldade de encontrar um na escala real para a obtenção das medidas. Com a chegada da eletrificação, os engenhos a vapor que movimentavam as indústrias e ferrovias dos séculos XVIII e XIX parte do  se tornaram obsoletos e foram substituídos. Hoje, o vapor continua presente em muitas áreas de processos, mas de forma pontual.  Foto 32


Sobre o Guitti Vesto di Pietro, o "Guido" de Araraquara, há poucas informações.
Ele era amigo do  Ennio Francica, mas a  Nereide  apenas  o conhecia de vista. 
Ela me contou que o "Guido" morou e trabalhou muitos anos  naquela cidade,  
aposentou-se e faleceu.  Chegando mais  informações  sobre ele, eu as  
adicionarei aqui.

VEJA MAIS

                                                                            VEJA O VÍDEO


CRÉDITOS:
FOTOS:
01, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22,  23 e 24: José Alfeo Röhm
02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 
10, 11, 12, 13, 14, 15, 25, 26
 27, 28, 29, 30, 31, 32 e vídeo: Daniel Gobato Röhm
PARTICIPARAM:
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm
CONTRIBUIRAM::
Nereide Gentil Francica

Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente, na Estação 61.
Abraços, Alfeo.

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2 comentários :

Anônimo disse...

Alfeo,
Mais um maraviloso resgate da história.
Estamos aguardando a próxima aventura.
Parabéns.
[ ]s.
Antonio Carlos

Anônimo disse...

Belíssimo registro. Essa é uma peça que valeria a pena levar para um evento e fazê-la funcionar na frente do pessoal. Faria o maior sucesso.
Um grande abraço do Balan

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