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  • 1 Faculdade Dom Pedro II - São Carlos-SP (1928-2009)
    Acervo Valentim Gueller Neto
  • 2 Bonde da Carne São Carlos–SP (1912-1962)
    Acervo Raymond DeGroot
  • 3 Estação Ferroviária de São Carlos-SP (1925)
    Acervo Valentim Gueller Neto

Estação 61 - Uma Serraria A Vapor De 1908

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No   Álbum Ilustrado da Companhia Paulista de Estradas de   Ferro de 1918, consta o anúncio da      Foto 01   
                                                                            Foto 02



Foi fundada no mesmo ano que aquela Companhia inaugurou a reforma da Estação Ferroviária de São Carlos.  Foto 03 
Seus proprietários eram Francisco Ferreira,  Cônsul Honorário de Portugal em São Carlos-SP, e Antonio Martins Santiago.   Foto 04 


A família Ferreira morava na Rua Riachuelo, 147, residência que fazia fundos com a Serraria.   Foto 05   


Em 1918, a empresa tinha um quadro de funcionários elevado:               Foto 06 


No extrato fotográfico do painel sobre as serrarias, elemento este da exposição organizada pela Secretaria de Estado da Cultura - São Paulo, para a inauguração da Oficina Cultural "Sergio Buarque de Holanda", em novembro de 1990, em São Carlos-SP, há a citação das juntas de bois da  Serraria Santa Rosa. Cada junta é formada por dois bois, portanto para formar 400 juntas eram necessários 800 animais.   Foto 07 


A serraria, além de comercializar madeira bruta e desdobrada,  fabricava dormentes,   porteiras e mourões para fazendas, e esquadrias para a construção civil. Entre os anos de 1950 e 1970 fabricava também as caixas de madeira para resfriadores de leite para a         Foto 08  


que depois eram equipadas com conjuntos de refrigeração para atender as  fazendas da região. Foto 09


A Serraria localizava-se, estrategicamente, a 600 metros do Mercado Municipal,  200 da Estação Ferroviária de São Carlos e 100 do tronco ferroviário da CP São Paulo - Colômbia.   Foto 10



A Rua do Mercado, hoje, leva o nome de Geminiano Costa. Na foto, a vista da lateral da serraria naquela rua       Foto 11 


O extrato fotográfico 07 cita que a madeira era puxada por juntas de bois e levada para algum ramal ferroviário. Em  São Carlos tinham início dois ramais ferroviários, um para Água Vermelha e Santa Eudóxia e o outro para Ribeirão Bonito, ambos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Esses dois ramais abrangiam a maioria das fazendas do município.   Foto 12 


Depois, a madeira era colocada em vagões pranchas, movidos por locomotiva a vapor, e transportada até o pátio ferroviário de São Carlos. Da Estação saia um ramal que servia a Serraria, o Ramalzinho Santa Rosa.  Foto 13  


O ramalzinho cruzava a Rua General Osório, sentido Araraquara,  e num desvio, após uns 100 metros, derivava para a Serraria. A composição carregada de toras com poucos vagões, passava pelo desvio e depois voltava de ré,       Foto 14 



entrava pelo portão da Rua 24 de Maio,      Foto 15 


atravessava o quarteirão e saía no portão da rua Visconde de Inhaúma, defronte à Serraria.     Foto 16


Atravessava a rua e entrava na área de descarga daquela Madeireira.  Na minha infância eu ia com meu pai, Alfeo Cyro Röhm, para fazer as encomendas das caixas de madeira para os resfriadores de leite ou compra de madeira e via o trenzinho a vapor atravessar a Rua Visconde de Inhaúma e entrar de ré na serraria. Na foto, no centro, entre as linhas amarelas, provavelmente é uma locomotiva a vapor.     Foto 17 


A Serraria Santa Rosa gerava a sua própria energia, possuía um grande engenho a vapor que acionava um gerador de energia elétrica, marca WOLF, importado da Alemanha*. O mesmo energizava alguns motores que acionavam alguns eixos superiores tracionados por correias e estes, também através de correias, acionavam as máquinas.   Foto 18


Na área de descarga e armazenamento, muitas toras e muitos trabalhadores. A movimentação era realizada com o auxilio de alavancas e cordas.       Foto 19  


Para gerar o vapor para o engenho, havia uma grande caldeira e a fornalha da mesma era alimentada pela serragem e sobras de madeira. A chaminé que saia da fornalha era ponto de referência na cidade.  Foto 20 


O vapor moveu aquela Serraria e a transformou na maior indústria madeireira do Estado de São Paulo*.     Foto 21  


Para os compradores, o acesso às seções de produção era livre e assim, acompanhando meu pai, eu podia admirar a caldeira gerando o vapor para o engenho e este movimentando o gerador elétrico. Foto 22 


Com a desativação dos ramais ferroviários de Água Vermelha e Santa Eudóxia, em 1962 e de Ribeirão Bonito, em 1969, o Ramalzinho Santa Rosa também foi sendo desativado e as toras passaram a ser  transportadas por caminhões.    Foto 24 


Em meados dos anos 70, a Serraria foi desativada     Foto 25 


e   em meados dos anos 80,  foi vendida para a rede   Jaú Serve Supermercados, quando foi demolida. A chaminé durante bom tempo ficou solitária  no terreno vazio e finalmente também foi demolida. Foto 26


Desapareceu uma das grandes referências da cidade... Foto 27


Em 1988, naquele local foi inaugurada a grande loja Nº  22.        Foto 28

A SERRARIA SANTA ROSA NOS LIVROS

ALMANACH DE SÃO CARLOS - 1916-1917        Foto 29 


ÁLBUM ILUSTRADO DA COMPANHIA PAULISTA
DE ESTRADAS DE FERRO DE 1918   Foto 30 


ALMANACH DE SÃO CARLOS 1928  Foto 31 




AGORA, REPRESENTADA EM UMA MAQUETE FERROVIÁRIA 

Se passaram aproximadamente 40 anos e a Serraria ainda  se faz presente na memória daqueles que lá trabalharam e que hoje são no mínimo, octogenários e na memória dos são-carlenses saudosistas. Era um marco para a cidade que passou a ser lembrada apenas por fotos e alguns pequenos textos.   Mas, para rememorá-la, em 1999,  o maquetista Sergio Paulo Doricci a modelou, na escala 1:100, com todos os detalhes em sua maquete ferroviária temática. Nessa maquete estão representadas as principais ocorrências urbanas da região da Estação Ferroviária e também algumas da cidade, entre os anos de 1950 e a atualidade. Assim, é possível perceber o contraste existente entre o antigo e o novo.          Foto 32 



Um detalhe que chama muito a atenção na maquete é a chaminé da Serraria em miniatura, soltando fumaça. Para chegar a esse resultado, foram necessários muitas e muitas horas de pesquisa e testes. Querendo conferir, a maquete do Doricci fica exposta nos seguintes eventos:                                                                   a) Encontros de Ferreomodelismo de São Carlos na Estação Ferroviária - Estação Cultura.                      b) Semanas da Óptica do Istituto de Física da USP - São Carlos.                                                               c) Semana da Criança no Posto Castelo de São Carlos - SP 310 - Rodovia Washington Luís, km 222, sentido interior - São Paulo.        Foto 33      

VEJA O VÍDEO




VEJA MAIS:



CRÉDITOS:
FOTOS:
 01, 02, 04, 05, 06, 08, 10, 11 e 30 - Acervo Valentim Gueler e Marina Dino dos 
Anjos - Álbum Ilustrado da Companhia Paulista de Estradas de Ferro - 1868-1918
03, 09, 32, 33 e vídeo: José Alfeo Röhm
07:   Marina Dino dos Anjos
        Projeto Museu de Rua "Memória de São Carlos" - Novembro, 1990
       Secretaria de Estado da  Cultura - São Paulo 
       Oficina Cultural "Sergio Buarque de Holanda"
       Cordenação de pesquisa e textos: José Albertino R. Rodrigues e Oswaldo Truzzi
12: José João - "Alemão" - Foto Arte
13, 14, 15, 16, 17, 22, 26 e 27: Acervo Valentim Gueler e Marina Dino dos Anjos:
18, 19 e 31: Almanaque Annuario de São Carlos 1928
20, 29: Almanache de São Carlos 1916 / 1917
21: Acervo Elza Davi Bragato - "Zaza"
24: MarcoAurelio Alvares da Silva
25: Paulo Roberto Perez
28: Google Mapas
PARTICIPARAM:
Maria Nazareth, Daniel e Lika Röhm
CONTRIBUIRAM:
Antonio Carlos Lopes da Silva
Sergio Paulo Doricci

FONTE: * São Carlos Na Esteira do Tempo - Julio Bruno e Ary Pinto das Neves - 1984


Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente, na Estação 62.
Abraços, Alfeo.

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10 comentários :

Ricardo Damha Santiago disse...

"Seus proprietários eram Francisco Ferreira, Cônsul Adido de Portugal em São Carlos-SP, e Santigo Rodrigues." Na verdade os proprietários eram FRANCISCO FERREIRA e ANTONIO MARTINS SANTIAGO, os Rodrigues posteriormente entraram na sociedade que fundou a Serraria São Carlos, "Santiago, Rodrigues & Cia. Ltda." A confusão unindo o nome Rodrigues ao Santiago é muito comum pois foram sócios por décadas, o que muito nos honrou.

José Alfeo Röhm disse...

Caro Ricardo Damha Santiago, muito grato!
Alfeo - Lugar do Trem

José Alfeo Röhm disse...

Altino Rocha Tininho disse...
Deveria ter sido tombado pelo IEFHA .Vai ficar só na lembrança.
28 DE MARÇO DE 2014 18:49

Anônimo disse...

Alfeo,
Fantástico o resgate da história da indústria de São Carlos.
Mais uma vez, parabéns pelo lindo trabalho.
Antonio Carlos

Rosa Maria de Castro Ferreira disse...

Alfeo, fiquei muito, mas muito emocionada com esse resgate da história da minha família!!!!
Obrigada por me proporcionar lágrimas de emoção!!!!!
Abraços.
Rosa Maria de Castro Ferreira

Altinoi disse...

Linda a reportagem.

Milton Martins Ferreira Filho disse...

Sensacional. Sou sobrinho-bisneto de Francisco Ferreira. Nasci no Rio e nao nos conhecemos, Rosa, mas certamente vc conhece vários de nossos primos em comum em Sao Carlos.
Abracos para vc e para o autor desta excelente matéria, José Alfeo Röhm.

Altinoi disse...

Muito bom, só não é bom o desmanche e a despreocupação com nossa história.

Paulo Roberto Perez disse...

Tem uma foto minha aí sem os devidos créditos. Uma foto da Serraria Santa Rosa que tirei em 29/09/1979 (Foto 25)

José Alfeo Röhm disse...

Olá Paulo Roberto Perez, obrigado por ter informado. Já está corrigido. Forte abraço, Alfeo.

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