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  • 1 Faculdade Dom Pedro II - São Carlos-SP (1928-2009)
    Acervo Valentim Gueller Neto
  • 2 Bonde da Carne São Carlos–SP (1912-1962)
    Acervo Raymond DeGroot
  • 3 Estação Ferroviária de São Carlos-SP (1925)
    Acervo Valentim Gueller Neto

Estação 08 - A ferrovia do Sr. Walter Scharf I

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Em 12 de julho de 2007, por ocasião do XI Encontro de Ferreo- modelismo das Industrias Reunidas Frateschi LTDA, em Campinas - SP, eu e mais alguns Férreos Amigos fizemos uma homenagem através de um banner, ao Mestre do ferreomodelismo de São Carlos, segue abaixo:

HOMENAGEM A WALTER SCHARF

Nasceu em 04 de novembro de 1934, em AraçatubaSP. Era filho de Erwin Scharf e Elly Riemer Scharf.
Em 1959, com vinte e cinco anos começou a se interessar pelo ferreomodelismo e em 1982, começou a construir em sua casa, em São Bernardo do Campo, SP, uma maquete com 210 metros de trilhos, cinco planos e a possibilidade de operação de seis composições.
Em 1984, a revista Esporte e Modelismo Nº 13, fez uma ótima reportagem sobre essa maquete.








Leia aqui a matéria completa em PDF.












No início dos anos 90, Walter mudou-se para São Carlos – SP, onde passou a ser o Mestre do ferreomodelismo. Fez muitos amigos e ensinou a ferrovia em miniatura para outros tantos. Trabalhou, por vários anos, na Toalhas São Carlos.

Sua característica principal sempre foi transferir o conhecimento, aquilo que ele sabia, todos ficavam sabendo. Construiu naquela cidade cerca de vinte maquetes, desde as mais simples até as mais complexas e sofisticadas; a maioria preservadas.

Em 1998, começou a construir no salão aos fundo de sua casa, uma grande maquete. A idéia dele era fundar e sediar o Clube de Ferreomodelismo de São Carlos, obra essa interrompida em 22 de outubro de 1999, devido a sua morte, aos 65 anos.


PALAVRAS DOS AMIGOS:
AO MESTRE, COM CARINHO
* Era final da década de 70, adorava quando meu pai falava: “ vamos visitar o Walter “. Isso significava passar algumas horas hipnotizado diante de uma maquete maravilhosa , com mais de 200 metros de trilho, aquela que aparece na revista Esporte e Modelismo, Nº 13, de 1984.
O Walter e meu pai eram amigos antigos, trabalhavam juntos na mesma empresa, a extinta Limasa e morávamos perto, em São Bernardo do Campo. Partilhavam de hobbies parecidos, meu pai com os aviões e o Walter com os barcos e trens.
Ele era dedicado, minucioso nos detalhes e procurava a perfeição no acabamento. Detestava comprar pronto, desenvolvia seus relês eletrônicos, pintava sua grama, moía sua pedra e fabricava suas árvores e postes, esses das mais diversas formas. Suas ferramentas então, não existiam em, lugar nenhum, eram fabricadas por ele conforme a necessidade.
E assim fui crescendo sempre visitando-o e ele,sempre com uma paciência infinita, me explicando como tudo funcionava.
No início da década de 80 ganhei do meu pai meu primeiro trem, um brinquedo da Estrela denominado de Ferrorama, bem longe de um trem de ferreomodelismo, porém o Walter recebeu a notícia com grande entusiasmo e incentivo.
Más foi em 85 que tudo deu uma nova guinada, o procurei com um problema e segundas intenções. Precisava fazer um trabalho para Feira de Ciências da escola. Walter , você tem alguma sugestão ? perguntei, já torcendo pela resposta certa. “ Emerson , por que você não faz uma maquete? ” Meu sonho começava a se realizar.
E assim foi durante alguns meses; eu chegava da escola e lá estava ele em casa me esperando, ia para sua casa, e passava a tarde inteira aprendendo a arte do grande Mestre.
A Feira de Ciências passou e fui à sua casa para devolver o trem, vagões, transformador ( Frateschi e Atma) e outras peças que ele havia me emprestado, “ Você gostou do que fez? “ ele perguntou, É claro , não vou parar mais respondi, “ Então, tudo o que lhe emprestei é seu, como incentivo”. Nem pude acreditar.
As semanas, meses e anos que se seguiram foram maravilhosos na companhia do grande Mestre. Íamos na pedreira pegar as pedras, ele analisava pedra por pedra, como já sabendo no local exato que ela se encaixaria em sua maquete., tingíamos a serragem, montávamos as árvores e casas, ele sempre procurava desenvolver uma técnica melhor em tudo que fazia .
Minhas primeiras casinhas e torres de comando foram feitas com madeira de caixa de uva, que nas mãos dele ficaram ótimas. Lembro dos meus primeiros postes, “ Calma, Emerson, “a led” tem que ser soldada com paciência pois é muito sensível e pode queimar”.
Como era fluente em alemão e um ótimo conhecedor mecânico e elétrico, teve algumas vezes a oportunidade de ir a trabalho para a Suíça comprar e acompanhar o transporte de algumas máquinas, o que também lhe dava a facilidade de trazer novos trens, vagões e casas o que naquela época, aqui no Brasil era muito difícil de se obter.
Nos meus aniversários e no Natal, ele sempre me presenteava com um vagão, ou uma locomotiva. Lembro-me nitidamente do primeiro vagão, um da Frateschi, carregador de cimento Itaú, tenho até hoje.
Já tinha 13 anos e um amigo me disse: “ Você gosta tanto de maquete, porque você não faz modelação ? “, então fui atrás para saber o que era isso, entrei em um curso pela Volkswagen e comecei a estudar a arte, sem querer. Lá estava eu seguindo os passos do Mestre.
Os anos se passaram e o contato foi diminuindo até ser perdido totalmente, principalmente com sua ida para São Carlos.
Com a desculpa de falta de espaço e tempo acabei deixando de lado meu hobbie e minha maquete foi toda desmontada e encaixotada.
Alguns anos depois, mais precisamente em 99, fui procurado por um amigo para montar uma maquete. Já fazia algum tempo que não mexia com ferreomodelismo e estava destreinado, mas com tanta insistência dele acabei aceitando. Ao recomeçar, algumas lembranças vieram a cabeça, e a mais forte e marcante era a saudade do grande Mestre e amigo. Procurei a loja do Lupatelli, local onde íamos sempre, para ver se conseguia alguma informação do Walter, deixei meu telefone e alguns dias depois, inacreditavelmente recebi um telefonema do meu grande amigo.
Estava próximo do feriado do dia das crianças e ele insistiu que fosse para lá, também queria conhecer minha esposa e filhos. Não foi difícil aceitar o convite .
Marcamos o encontro na entrada da cidade, e fiz questão de refazer uma casinha para lhe presentear, a última casinha que tinha mostrado a ele antes de perdermos o contato.
A expectativa na viagem foi grande “ Como será que ele está? O que tem feito? “ e numa rotatória, em frente a uma banca de jornal, lá estava ele; na hora voltei a ser o aprendiz, e seu carisma inigualável conquistou minha família.
Seguimos para sua casa e fomos apresentados para sua amável companheira, Da. Emília. Nos trancamos no quartinho do fundo e novamente me deliciei em ver seus trabalhos, a qualidade estava bem superior daquela maquete que conheci quando menino. Nesses anos sua técnica se apurou não só na paisagem mas também na eletrônica.
Foi um final de semana de aprendizagem como antigamente, só que agora com uma certa pressa, me mostrou as novas ferramentas que desenvolveu, algumas bem simples outras mais arrojadas, controladores de velocidades, os novos circuitos eletrônicos que projetou, os lugares onde guardava tudo e todos os detalhes que faltavam para terminar a maquete que ele estava fazendo para a cidade, sempre com um esforço enorme de me passar o máximo de informação possível, pois assim ele era, aprendia para ensinar. Neste dia ficamos até e madrugada vendo os slides de suas viagens à Europa, paisagens que ele guardou na mente e reproduziu em várias maquetes.
O feriado foi maravilhoso e com tristeza chegou a hora da despedida, num abraço forte falei que tinha ele como um pai.
Uma semana depois recebi de madrugada uma ligação do Doricci dizendo que nosso amigo Walter Scharf havia nos deixado.
A pedido da Sra. Emília acabei a maquete em homenagem a São Carlos, pois, parece que adivinhando, ele havia me explicado tudo o que precisava ser feito para acabá-la e onde estavam guardadas todas as peças necessárias.
Tive a chance de depois de alguns anos me reencontrar, ter minha última aula e me despedir da pessoa que com amor me ensinou o ferreomodelismo, e em cima disso montei minha carreira e vida. São Bernardo do Campo, 2 de janeiro de 2007. Emerson José Tedesco Florio. "
* ...quando terminou a construção de minha maquete, depois de sete meses de trabalho perguntando a ele sobre o preço que ele iria cobrar, disse-me que mais valia a amizade que tinha nascido entre nós , do que o dinheiro que iria me
cobrar. Não me cobrou nada. Um amigo de verdade. São Carlos, 07 de fevereiro de 2007. Paulo Guedes.
"
* “Tenho grande admiração pelo ferreomodelista Walter Scharf, pela sua capacidade em ver nas coisas à sua volta sempre algo que serve à prática do hobby.São Carlos, 16/02/07 - José Roberto Couto Geraldi.”
* “Esse Mestre sempre está em nossa companhia. São Carlos, 12 de julho de 2007, José Alfeo Röhm."
* “Ao Walter Scharf (seu Walter), pelo grande amor que dedicou ao seu trabalho, pelos valiosos ensinamentos que nos proporcionou e pela sincera amizade que eternamente será lembrada.. – São Carlos, 04 de novembro de 1999 – Sergio Paulo Doricci.”
AGRADECIMENTOS:
* Ao companheiro Flavio Cavalcanti, do Periódico "Centro-Oeste", por ter resgatado a Revista Esporte e Modelismo Nº 13 – 1984, com a reportagem sobre Walter Scharf.
*Aos Ferreomodeistas de São Carlos e São Bernardo do Campo, que contribuiram para a realização desta homenagem.  
* Às Indústrias Reunidas Frateschi, pelo espaço no Evento


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Obrigado por sua agradável companhia, nos encontraremos certamente na Estação 09.
                                                         Abraços, Alfeo.

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1 comentários :

Daniel Rohm disse...

Pai... Hoje inauguramos a nova cara do seu blog...
Apesar da homenagem acima ser destinada ao Sr. Walter, na minha opinião, você é o grande merecedor de uma homenagem...
Todos que o conhecem sabem que tudo que voce faz, faz com empenho, sempre obtendo o melhor!...Com o blog não está sendo diferente...Sabe que me orgulho muito, pois eu o incentivei na criação...
parabens.... e muito sucesso!!!!!

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